Configurando seriamente uma estratégia anti-ALCA

 

 


Matthew Schlobohm
ZNet

6 de março de 2002

Tradução Imediata

Este texto tem a intenção de lançar uma discussão e um planejamento para desenvolver uma estratégia séria e plurianual com o objetivo de derrotar a ALCA. Desde as mobilizações na cidade de Québec em abril de 2001, fizemos muito pouco, como movimento, para desenvolver um estratégia integrada, multifacetada e taticamente diferente para deter a ALCA. Com a implementação da ALCA proposta para 2005, o que não está tão distante, é fundamental começarmos a atuar agora, para desenvolver um plano de ação para os próximos 3-4 anos.

O presente texto foi escrito para estimular discussões, análises e ação — portanto, por favor, não deixe de se engajar, responder, compartilhar suas opiniões e sugerir idéias/propostas para criar uma estratégia de oposição que seja vitoriosa.

Contexto: Uma data com prazo que está se aproximando rapidamente e a necessidade de uma estratégia integrada de resistência que se torna cada vez mais séria.

Em abril de 2001, milhares de pessoas invadiram as ruas da cidade de Quebec, assim como outras cidades e fronteiras em todo o hemisfério para protestar contra a criação da ALCA. Essas ações expuseram e deslegitimaram o acordo proposto, informaram e radicalizaram milhares de pessoas, além de fortalecerem os movimentos de resistência anticapitalistas e anticorporativos. Apesar disso, assim como o trabalho efetivo de criação da ALCA não acontece nesses fóruns ou "summits" principais — mas se efetivam durante as numerosas negociações que ocorrem entre esses eles — o trabalho real para derrotar a ALCA não acontece somente durante as mobilizações de massa. Ele se dá através do desenvolvimento de estratégias e lutas a longo prazo, e com nosso empenho com relação à educação, organização, e ações para criar poder popular de massa, oposição e alternativas. Durante os cerca de dez meses desde os protestos de Quebec, muito pouco foi feito para desenvolver um plano de organização coerente de 3-4 anos para derrotar a ALCA.

A oposição, com o poder do estado, da mídia e do capital de seu lado, tem um plano bem elaborado para implementar a ALCA em 2005. Nós não temos um plano de ação tão bem elaborado para contra-atacar a ofensiva neoliberal e derrotar o acordo proposto. A realidade é que para vencer essa luta, nossa resistência precisa se tornar muito mais sofisticada, integrada e estrategicamente mais sábia. Precisamos de uma estratégia. Independentemente de como terminará a luta "Fast Track", se nossos esforços entre agora e 2005 consistirem somente de mobilizações para protestos em massa — ao redor de outubro de 2002, por ocasião dos Encontros dos Ministros no Equador e no próximo Summit da Américas — e tentando ganhar as batalhas de eleição legislativas em 2005, há uma grande possibilidade de perdermos essa luta e, nessa caso, a ALCA seria implementada.

2005 não está tão distante! Agora é a hora de desenvolvermos uma estratégia integrada e uma oposição crescente para derrotarmos a ALCA. Qual é o nosso plano de ação para 2002, 2003, 2004, 2005? Quais são os melhores alvos para nos concentrarmos? Que tipo de plano temos para nos fortalecermos a cada ano e para escalonarmos firmemente nossa resistência? Precisamos de respostas muito melhores a essas questões. Abaixo, listamos algumas perguntas para reflexão, enquanto elaboramos uma estratégia a longo prazo, alguns dos meus pontos de vista próprios, e uma linha de tempo de datas importantes para atividades contra a ALCA. As perguntas, pensamentos e linha de tempo são apenas um ponto de partida com o intuito de facilitar uma discussão, análise, planejamento estratégico e ação muito mais amplas.

A título de breve observação, há, naturalmente, a possibilidade de que a ALCA possa desabar sob o peso de suas próprias contradições. Uma gama de fatores poderia contribuir para isso — o colapso econômico da Argentina, o ceticismo e relutância da parte de certos países latino-americanos, principalmente a Venezuela e o Brasil; uma crescente irritação da América Latina com relação aos acordos protecionistas que Bush introduziu para fazer passar o "Fast Track"; a eleição potencial do candidato do Partido dos Trabalhadores, Lula, nas próximas campanhas eleitorais do Brasil, etc.

Esses fatores, entre tantos outros, são fundamentais e devemos estar cientes deles e tentarmos incorporá-los em nossa estratégia, mas obviamente seria irresponsável nos fiarmos somente neles.

Algumas perguntas

Partindo do pressuposto que nosso objetivo a curto prazo é derrotar a ALCA, precisamos ter em mente uma linha de tempo entre o presente (março de 2002) e 2005 (veja a linha de tempo abaixo) e desenvolver um plano de ação. Essencialmente, deveríamos nos perguntar o que precisamos fazer durante esse período para deter esse acordo, qual a melhor maneira de fazê-lo, e o que mais queremos realizar durante o processo. Na tentativa de criação de um plano como esse, é útil fazermos um número de perguntas.

Aqui estão algumas:

  1. Onde está o nosso poder real atualmente? Quem está conosco? Quem está contra nós? Que grupos ou distritos deveriam constituir o nosso foco de energia, alvo e organização? Quais são as questões/os assuntos mais eficazes e onde se encontram?
  2. Como podemos configurar uma luta de 3-4 anos de modo a nos fortalecermos a cada ano? Como estabelecer uma luta plurianual de modo que ela permaneça contínua e seja consistente, com uma força e poderes crescentes? Qual é o nosso plano para 2002, 2003, 2004, 2005?
  3. Ao desenvolvermos uma estratégia organizacional anti-ALCA, quais são os melhores alvos com relação aos quais deveríamos dirigir nossa atenção? Que tipo de ações e alvos vão, consistentemente, expor a ALCA aos olhos do público e deslegitimá-la e, por fim, derrotá-la? Como tornar a ALCA uma palavra familiar ao interior dos EUA? Que tipo de ações e esforços educacionais em larga escala são necessários?
  4. Como configurar do modo mais eficaz uma luta a longo prazo contra a ALCA, de modo a conectá-la com as lutas locais, fortalecer os esforços locais, e fazer conexões claras entre as instituições e os processos globais e os esforços a nível local? Qual é a maneira mais eficaz de configurar e articular lutas locais de modo que possam endereçar simultaneamente essas necessidades locais e construir uma oposição ainda maior à ALCA e ao neoliberalismo?
  5. Como estruturarmos nosso trabalho anti-ALCA de modo que durante o processo de desafio, deslegitimação e finalmente derrota da ALCA, também estaremos desafiando, deslegitimando e derrotando a estrutura econômica neoliberal e a lógica sobre a qual se baseia a ALCA?
  6. Como colocar em prática do modo mais eficaz uma abordagem organizacional "interna — externa"? Ou seja, o âmbito "interno" do trabalho de lobby/legislação, análise política alternativa, trabalho eleitoral, etc. e o âmbito "externo" da ação direta, protestos em massa, criação de alternativas viáveis, educação popular, perturbação econômica, etc. de uma maneira que maximize nosso poder e eficácia.
  7. Como configurarmos nossa estratégia de modo que ela conduza a conquistas ainda maiores no futuro e abra ainda mais espaço para as alternativas locais não capitalistas?

Algumas considerações

Há 3 situações principais por meio das quais a ALCA poderia ser derrotada

  1. O acordo poderia desabar devido a contradições internas e desacordos ou no caso de alguns dos países saírem do processo.
  2. O acordo poderia receber votação contrária no Congresso dos EUA ou o corpo legislativo de outros países.
  3. Apesar da organização, educação e ação intensas, o nível de dissidência popular poderia se tornar tão grande que se tornaria socialmente inaceitável e inviável para as elites tentarem implementar o acordo em 2005.

Nossa estratégia, em vez de se concentrar somente em uma dessas três possibilidades, deveria incorporar todas as 3 situações possíveis. Ou seja, deveríamos desenvolver uma estratégia integrada e multifacetada que associe um empenho militante à ação direta, educação popular e mobilização das bases, com sério trabalho legislativo e de lobby e um senso vital de solidariedade internacional. Tal estratégia integrada e "interna-externa" é essencial se quisermos maximizar nosso poder coletivo, conquistar vitórias reais e transformar radicalmente a sociedade.

  1. Nosso plano de ação de 3-4 anos deve ter como alvo um aumento firme de nosso poder e uma escalada de nossa resistência. Precisamos nos fortalecer a cada ano e, no processo, manejarmos nosso poder coletivo de modo que se auto-fortaleça, deslegitimando cada vez mais vigorosamente o neoliberalismo e fazendo subir cada vez mais os custos sociais para as elites, de modo que elas não possam se dar ao luxo de implementar acordos como a ALCA. Isso poderia significar que em 2002 nos concentraremos em educação popular ampla, através de aulas, trocas com os trabalhadores/comunidade, decretos a nível local, trabalhando junto à mídia, fazendo abaixo-assinados, ação direta, debates públicos e ações de solidariedade sem precedentes, em grande escala e decentralizadas para o encontro ministerial da ALCA em outubro de 2002 no Equador — além de desenvolver nossa infra-estrutura, alianças, e capacidade organizacional e de mobilização; em 2003/2004 efetuaríamos um referendo popular sobre a ALCA nos EUA e em 2004/2005, se necessário, nos mobilizaríamos por uma greve geral em todo o hemisfério, greves setoriais, ou perturbações econômicas gerais. Embora isso possa parecer audacioso demais no presente, com o tempo, o planejamento e o empenho suficientes isso é certamente possível. Ao desenvolvermos estratégias a longo prazo com objetivos mensuráveis, devemos, naturalmente, ser realistas sobre nossos recursos e capacidade, mas devemos também ser realistas a respeito do que é preciso realmente para ganhar e o quanto está em jogo - estamos falando em vida e morte, aqui. De alguma maneira, precisamos levar nós mesmos e nosso poder potencial mais a sério, pois se não desenvolvermos um plano de oposição crescente e cada vez mais sério, não há motivos para que as elites não implementem a ALCA.
  2. Como parte de nossa estratégia de resistência imediata (nos EUA), precisamos trabalhar vigorosamente para derrotar o "Fast Track", que será provavelmente votado novamente no fim de março ou talvez um pouco mais tarde (O "Fast Track" passou por apenas um voto em dezembro, mas terá que passar novamente para poder ser aplicado). Ter a autoridade para implantar o "Fast Track" é um componente essencial da estratégia dos adversários. Sem tal autoridade de negociação, torna-se extremamente difícil passar a legislação de implementação. Portanto, devemos combater o "Fast Track".
  3. Devemos detectar cuidadosamente as manobras do outro lado. Qual é o plano deles? Que táticas estão empregando? Como está evoluindo a estratégia deles? Por exemplo, é particularmente importante prestarmos atenção ao recém-anunciado esforço do governo EUA de criar um tratado de livre comércio entre os EUA e a América Central, tanto em termos de nos opormos ao mesmo, como de avaliarmos suas implicações para a criação da ALCA. Além de acompanharmos o outro lado, devemos desenvolver a capacidade de prever e estarmos preparados para os eventos num futuro mais distante. Por exemplo, nos esforços para educar o público quando à ALCA, deveríamos estar preparados para nos mobilizarmos muito rapidamente quando sairá o veredicto para o caso pendente do capítulo 11 relativo à Methanex NAFTA. verdict comes down in the pending Methanex NAFTA chapter 11 case.  A Methanex está atualmente processando os EUA por $970 milhões porque a Califórnia baniu o MTBE. Se o julgamento desse caso for a favor da Methanex, temos uma oportunidade incrível para educar e aumentar muito a oposição contra a ALCA. Só poderemos ter sucesso se estivermos preparados para tomar ações quando ocorrer o julgamento.
  4. Ultimamente, tem se falado muito sobre a necessidade de nos adaptarmos ao contexto posterior ao 11 de setembro. Certamente, precisamos nos adaptar, mas não podemos confundir adaptação com retrocesso. Devemos sempre adaptar nossas ações e táticas a um contexto específico e nos perguntarmos quais são as ações que aumentam o nosso poder, criam uma base de massa de participação e apoio popular, abrem espaço político para alternativas, e nos levam para a direção aonde queremos ir, mas não podemos esquecer que muito dos sucessos recentes, como salientou Gerard Greenfiled, o ativista e pesquisador do sindicato de trabalhadores do setor automotivo do Canadá, foi obtido graças ao fato de "sermos perigosos". Grande parte da luta contra a NAFTA, a OMC, a ALCA e o neoliberalismo em geral é uma luta a respeito da legitimidade. Citando Greenfield: " Só poderemos ser eficazes se continuarmos a fazer aquilo que nos torna perigosos - e fazer isso melhor." No contexto atual, o que nos torna perigosos, e como podemos fazer isso melhor?
  5. Devemos definir nossa estratégia organizacional de modo que ela nos leve a mais vitórias e a um maior espaço para a criação de alternativas, de modo que ela capitalize com a necessidade de ampla resistência por parte de todo o hemisfério, de desenvolver redes, relacionamentos e infra-estruturas alternativas mais amplas.
  6. Ao criarmos nossa resistência, deveríamos seguir o conselho de Sun Tzu, formulado há mais de 2400 anos: "Não faça aquilo que você gostaria de fazer. Faça aquilo que o seu adversário menos gostaria que você fizesse." Nós não nos perguntamos suficientemente o que nossos adversários menos gostariam que fizéssemos.
  7. Precisamos desenvolver uma estratégia e uma visão a longo prazo não somente com relação à ALCA, mas com todas as lutas nas quais estamos empenhados. Qual é nosso plano a longo prazo para eliminar e substituir e transformar radicalmente a OMC, o FMI/Banco Mundial, a NAFTA, etc? Qual é o nosso plano a longo prazo para criar alternativas econômicas abrangentes? Como movimento, precisamos desenvolver uma cultura de reflexão, planejamento e ação estratégicas a longo prazo.

Linha de tempo: algumas datas fundamentais, do passado e do futuro, para um empenho contra a ALCA (por favor, acrescente aquelas que não tiverem sido incluídas)

Dez. de 1994 — 1º Summit das Américas, Miami, Flórida; lançado o esforço para criar a ALCA

Abril de 1998 — 2º Summit das Américas, Santiago, Chile;  negociações para a ALCA "lançadas oficialmente".

Maio de 1998 — Fevereiro de 2001 — 1a Fase das negociações para a criação da ALCA, Miami, Flórida.

Nov. de 1999 — 5º Encontro Ministerial, Toronto, Canadá.  Concedido mandato a 9 grupos de negociação para prepararem o texto da minuta com os respectivos capítulos, a serem apresentados no 6º Encontro Ministerial na Argentina, abril de 2001.

Março de 2001 — Fevereiro de 2003 -  2a Fase das negociações para a criação da ALCA, Cidade do Panamá, Panamá

6 de abril de 2001 - 6º Encontro Ministerial, Buenos Aires, Argentina. Grupos de negociação apresentam e discutem o texto da minuta; milhares de protestos nas ruas.

20-22 de abril de 2001 - 3rd Summit das Américas, Quebec City, Canadá. Fixados prazos para completar as negociações para a criação da ALCA e implementação até 2005. Centenas de milhares protestam contra a ALCA na Cidade de Quebec e em outras cidades em todo o hemisfério.

3 de julho de 2001 — Lançado o texto da minuta para a criação da ALCA.

Novembro de 2001 — Conferência Hemisférica para Lutar contra a ALCA realizada em Cuba

Dezembro de 2001 — Colapso econômico da Argentina; revoltas populares.

Dezembro de 2001 - Fast Track aprovado nos EUA por um voto.

Março de 2002 (ou mais tarde) — Votação sobre o Fast Track programada no Senado e nova votação no programada no Congresso dos EUA, onde existe a melhor possibilidade de ser derrotada.

Outubro de 2002 -  7º Encontro Ministerial a ser realizado no Equador; será apresentada uma segunda versão do texto da minuta da ALCA e discutida com o objetivo de se chegar a um acordo sobre as áreas de contenção. Programados protestos em massa.

Outubro de 2002 - eleições presidenciais significativas no Equador e no Brasil; no Brasil, se vencer Lula, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), os esforços para derrotar a ALCA poderiam resultar fortalecidos.

Novembro de 2002 — Eleições paro o Congresso dos EUA

Novembro de 2002 — Proposta greve geral de estudantes para todo o hemisfério contra a ALCA (organizada pelos sindicatos de estudantes do Canadá e pela OCLAE (Organizacion Continental Latino Americana de Estudiantes); a idéia para a greve surgiu durante a Conferência Hemisférica para Luta Contra a ALCA, realizada em Cuba. Para contactar os organizadores, enviar um e-mail a: ftaastudentstrike@hotmail.com

2002/ 2003 ?? Proposto referendo sobre a FTAA/ALCA em vários países latino-americanos

Março de 2003 — Dezembro de 2004 — 3a Fase de negociações para a criação da ALCA, Cidade do México, México.

Novembro de 2004 — Eleições presidenciais nos EUA.

Janeiro de 2005 — Prazo final para a conclusão das negociações da ALCA

Dezembro de 2005 - "Prazo final absoluto" para a implementação da FTAA/ALCA

 

Matt Schlobohm é um organizador e educador junto ao JED collective no Maine Center for Justice, Ecology, and Democracy (www.jedcenter.org) em Greene, Maine. Ele pode ser contactado no endereço mschlobo@justice.com

 

 

Getting Serious About An Anti FTAA Strategy

by Matthew Schlobohm

March 06, 2002

This piece is intended to spark discussion and planning to develop a more serious, multi-year strategy to defeat the FTAA. Since the Quebec City mobilizations, in April 2001, as a movement, we’ve done very little to develop an integrated, multifaceted, tactically diverse strategy to stop the FTAA. With the proposed FTAA implementation date of 2005 not that far off, it is critical that we act now to develop a 3 - 4 year game plan. 

This is written to encourage conversation, analysis, and action—so please engage it, respond, share thoughts, and put forth ideas/proposals for creating an oppositional strategy to win.

Context: A Rapidly Approaching Deadline and the Need for an Integrated Strategy of Escalating Resistance

In April 2001, thousands of people poured into the streets of Quebec City and other cities and borders throughout the hemisphere to protest the creation of the FTAA.  These actions exposed and delegitimated the proposed agreement, educated and radicalized thousands, and strengthened anti-capitalist and anti-corporate resistance movements.  Yet, just as the real work of creating the FTAA does not happen at these major summits--it happens in the numerous negotiations that take place between summits-- the real work of defeating the FTAA does not happen in mass mobilizations alone.  It happens by developing long term strategies and struggles and by committing to long term education, organizing, and action to build mass popular power, opposition, and alternatives.  In the roughly ten months since the Quebec City protests, not nearly enough has been done to develop a coherent 3-4 year organizing plan to defeat the FTAA. 

            The opposition, with the power of the state, media, and money on its side, has a well worked out game plan to implement the FTAA by 2005.  We do not have such a well worked out game plan to counter the neoliberal offensive and defeat the proposed agreement. The bottom line is that to win this fight, our resistance needs to become much more sophisticated, integrated, and strategically savvy.  We need a strategy.  Regardless of how the current fast track fight ends, if our efforts between now and 2005 consist only of mobilizing for mass protests--around the October 2002 Ministerial in Ecudoar and the next Summit of the Americas--and trying to win legislative voting battles in 2005, there is a very real chance that we will lose this fight and the FTAA will be implemented.

            2005 is not that far off!  Now is the time to develop an integrated strategy of escalating opposition to defeat the FTAA. What is our game plan for 2002, 2003, 2004, 2005?    What are the best targets to focus on? What kind of plan do we have in place to get stronger each year and to steadily escalate our resistance?  We need much better answers to such questions. Below are some questions to think about in shaping long term strategy, a few thoughts of my own, and a time line of important dates for anti-FTAA work. The questions, thoughts, and time line are just a starting point meant to facilitate much greater discussion, analysis, and strategic planning and action.

           As a quick note, there is, of course, the possibility that the FTAA may crumble under the weight of its own contradictions. A host of factors could contribute to this--Argentina's economic collapse; skepticism and reluctance from certain Latin American countries, notably Venezuela and Brazil; increased Latin American irritation with the protectionist deals Bush cut in order to pass Fast Track in the house; the potential election of Workers' Party candidate, Lula, in the upcoming Brazilian presidential election, etc.

These factors and many others are crucial to be aware of and to incorporate into our strategy, but we obviously would be very foolish to rely on them. 

 A Few Questions

Assuming that our short term goal is to defeat the FTAA, we need to look at a time line between now (March 2002) and 2005 (see below for such a time line) and develop a plan of action.  Essentially, we should be asking ourselves what do we need to do between now and 2005 to stop this agreement, what is the best way to go about that, and what else do we want to accomplish in the process? In trying to create such a plan a number of questions are useful.  Here are a few:

1. Where is our real power currently? Who's on board? Who isn't? What constituencies should we focus our energy on targeting and organizing?  What are the most effective issues/talking points and where?

2. How do we shape a 3-4 year struggle so that we're getting stronger each year? How do we shape a multi-year struggle in such a way that it does not stop and start, but consistently builds momentum and ever greater power?  What is our plan for 2002, 2003, 2004, 2005?

3. In developing an anti-FTAA organizing strategy what are the best targets to focus on?  What kinds of actions and targets will consistently pull the FTAA into the public eye, expose and delegitimate it, and ultimately defeat it?  How do we make the FTAA a household word in the US? What kind of actions and large scale educational efforts are necessary to do so?

4. How do we most effectively shape a long term anti-FTAA struggle so that it connects with local struggles, strengthens local efforts, and makes clear connections between global institutions and processes and local effects?  What is the most effective way to shape and articulate local struggles so that they simultaneously address local needs and build ever greater opposition to the FTAA and neoliberalism?

5. How do we shape our anti-FTAA work so that in the process of challenging, delegitimating, and ultimately defeating the FTAA we are also most effectively challenging, delegitimating, and defeating the neoliberal economic structure and logic the FTAA is founded upon?

6. How do we most effectively put an "inside - outside" organizing approach into practice?  By "inside - outside" I mean combining the "inside" realm of lobbying/legislative work, alternative policy analysis, electoral work, etc and the "outside" realm of direct action, mass protest, the creation of viable alternatives, popular education, economic disruption, etc in a way that maximizes our power and effectiveness.

7.  How do we shape our strategy so that it leads towards ever greater future gains and opens ever more space for local, non-capitalist alternatives? 

A Few Thoughts

1. There are 3 primary scenarios by which the FTAA could be defeated.

   A. The agreement could collapse due to internal contradictions and disagreements or with certain countries pulling out.

   B. The agreement could be voted against by the US Congress or other countries’ legislative bodies.

   C. Through intense organizing, education, and action, the level of popular dissent could become so great that it becomes socially unacceptable and unaffordable for elites to try to implement the agreement in 2005.

Our strategy, instead of focusing solely on one of these realms, should incorporate all 3 scenarios.  That is to say we should develop an integrated, multifaceted strategy that links a militant commitment to direct action, popular education and grassroots mobilization with serious legislative and lobbying work and a vital sense of international solidarity.  Such an integrated, "inside-outside" strategy is essential if we are to maximize our collective power, win real victories, and radically transform society.

2. Our 3-4 year plan of action must aim to steadily increase our power and escalate our resistance.  We need to be getting stronger each year and in the process wielding our collective power so that it builds upon itself, ever more vigorously deligitimates neoliberalism, and raises the social costs for elites so that they cannot afford to implement agreements like the FTAA. This might mean that in 2002 we focus on widespread popular education and consciousness raising—through teach-ins, worker/community exchanges, local ordinances, media work, sign-on letters, direct action, public debates, and unprecedented, large scale, decentralized solidarity actions for the October 2002 FTAA ministerial meeting in Ecudoar—as well as developing our infrastructure, alliances, and organizational/mobilization capacity; in 2003/2004 we move towards some form of popular referendum on the FTAA in the US and in 2004/2005, if necessary, we mobilize for a hemispheric wide general strike, sectoral strike, or general economic disruption.  Though this may seem a bit daunting and far reaching at the present moment, with enough time, planning, and commitment it is certainly possible. In developing long term strategies with sizable goals, we must, of course, be realistic about our resources and capacity, but we must also be realistic about what it really takes to win and just how much is at stake—we’re talking about life and death here.  In some ways, we need to take ourselves and our potential power more seriously, for if we do not develop an escalating oppositional plan there is no reason for elites to not implement the FTAA.

3. As part of our immediate resistance strategy (in the US), we must work vigorously to defeat Fast Track, which will likely be coming up for another vote in the House in late March or perhaps later (Fast Track passed by one vote in the House in December, but it will have to pass the House again to be enacted). Having Fast Track authority is an essential component of the adversaries’ strategy. Without such negotiating authority it becomes extremely difficult to pass implementation legislation. Therefore, we must defeat Fast Track.

4. We must carefully track the maneuvering of the other side. What is their plan? What tactics are they employing? How is their strategy evolving? For example, the recently announced US government effort to create a US - Central America free trade treaty is particularly important to pay close attention to—both in terms of opposing it and assessing the implications for the creation of the FTAA. In addition to tracking the other side, we must develop the capacity to predict and be prepared for events well in the future. For example, in efforts to educate about the FTAA, we should be prepared to mobilize quite quickly when the verdict comes down in the pending Methanex NAFTA chapter 11 case.  Methanex is currently suing the US for $970 million because California banned MTBE. If this case rules in favor of Methanex, we have an incredible opportunity to educate and greatly increase opposition to the FTAA. We will only succeed in doing so if we are prepared to take action when the ruling comes down.

5. Much has been said of late about the need to adapt to the post September 11 context. Certainly we need to adapt, but we cannot confuse adapting with retreating.  We must always adapt our actions and tactics to the particular context and ask ourselves what actions increase our power, build a mass base of popular participation and support, open political space for alternatives, and move us in the direction we want to go, but we cannot forget that much of our recent success, as Canadian Auto Workers union researcher and activist Gerard Greenfield has pointed out, has come through "being dangerous."  Much of the struggle against NAFTA, the WTO, the FTAA and neoliberalism in general is a struggle over legitimacy.  We are dangerous when we are deligitimizing these institutions and ultimately defeating them and replacing them with liberatory, democratic alternatives.  To quote Greenfield, "We can only be effective if we continue what it is that makes us dangerous—and do it better." In the current context, what makes us dangerous and how can we do it better?

6.We must shape our organizing strategy so that it leads to more victories and more space for the creation of alternatives and so that it capitalizes on the necessity of hemispheric wide resistance to develop stronger hemispheric wide networks, relationships, and alternative infrastructure.

7. In crafting our resistance, we would be wise to heed Sun Tzu’s 2,400 year old advice, "Do not do what you would most like to do.  Do what you adversary would least like you to do."  We do not ask ourselves what our adversary would least like us to do nearly enough.

8. We need to develop long term strategy and vision not just with the FTAA, but with all of the struggles we’re engaged in. What is our long term plan to eliminate and replace or radically transform the WTO, IMF/World Bank, NAFTA, etc? What is our long term plan to create widespread economic alternatives? As a movement we need to develop more of a culture of long term strategic thinking, planning, and action.

Timeline: Some critical dates, past & future, for anti-FTAA work (please add anything not included)

Dec. 1994 - 1st Summit of the Americas, Miami, Florida; effort launched to create the FTA

April 1998 - 2nd Summit of the Americas, Santiago, Chile;  FTAA Negotiations "formally launched."

May 1998 - February 2001 - 1st Phase Ongoing FTAA negotiations, Miami, Florida.

Nov. 1999 - 5th Ministerial Meeting, Toronto, Canada.  Mandate given to 9 negotiating groups to prepare a draft text of respective chapters to be presented at 6th ministerial in Argentina, April 2001.

March 2001 - February 2003 -  2nd Phase ongoing FTAA negotiations, Panama City, Panama

April 6, 2001 - 6th Ministerial Meeting, Buenes Aires, Argentina. Negotiating groups present & discuss draft text; thousands protest outside.

April 20-22, 2001 - 3rd Summit of the Americas, Quebec City, Canada. Deadlines set to complete FTAA negotiations and implementation by 2005. Hundreds of thousands protest against the FTAA in Quebec City and cities and towns throughout the hemisphere.

July 3, 2001 - FTAA draft text released.

November 2001 - Hemispheric Conference to Fight Against the FTAA held in Cuba

December 2001 - Argentine economic collapse; popular revolts.

December 2001 - Fast Track passes US House by one vote.

March 2002 (or later) - Fast Track is scheduled to be voted on in the US Senate and to be voted on again in the US House, where it has the best chance of being defeated.

October 2002 -  7th Ministerial Meeting to be held in Ecudoar; a second version of the draft FTAA text will be presented and discussed with the aim being to reach agreement on areas of contention. Mass protests scheduled.

October 2002 - significant presidential elections in Ecudoar & Brazil; in Brazil, if Lula, the Workers' Party (PT) candidate, wins this could significantly strengthen efforts to defeat the FTAA.

November 2002 - US Congressional elections

November 2002 - Proposed hemispheric wide general student strike against the FTAA (being organized by Canadian student unions and OCLAE (Organizacion Continental Latino Americano de Estudiantes), a Latin American student organization; this idea came out of the Hemispheric Conference to Fight Against the FTAA held in Cuba.  To contact organizers email: ftaastudentstrike@hotmail.com

2002/ 2003 ?? Proposed referendum on the FTAA/ALCA in various Latin American countries (I'm not sure of dates or where exactly this stands in different countries; perhaps someone w/ more information could pass it along.)

March 2003 - December 2004 - 3rd Phase ongoing FTAA negotiations, Mexico City, Mexico.

November 2004 - US presidential election.

January 2005 - Scheduled deadline for conclusion of  FTAA negotiations

December 2005 - "Absolute deadline" to implement FTAA

 

Matt Schlobohm is an organizer and educator with the JED collective at the Maine Center for Justice, Ecology, and Democracy (www.jedcenter.org) in Greene, Maine. He can be contacted at mschlobo@justice.com

 

Envie um comentário sobre este artigo