A Tomando conta da "Escola das Américas" ,

Graduados da Ft. Benning participaram dos regimes mais corruptos da América Latina, ainda assim o Congresso continua a patrocinar a escola

 

 


Rev. Charles Booker-Hirsch
17 de junho de 2002

Tradução Imediata

Desde a tragédia do 11/9, ficamos sabendo dos modos como Osama bin Laden treinou os seus membros para compor uma inacreditável organização terrorista. Entretanto, que eu saiba, nenhum meio de comunicação importante ousou debater como, por mais de cinco décadas — sendo as últimas duas décadas em nosso próprio território — nosso governo tem sistematicamente operado uma escola de terrorismo bem mais substancial.

Estabelecida no Panamá em 1946, como uma cabeça-de-ponte da Guerra Fria para o hemisfério, a U.S. Army School of the Americas (SOA), que opera unicamente para treinar militares da América Latina, transferiu sua sede para Ft. Benning, em Columbus, GA, no ano de 1984. Mais de 60.000 oficiais militares foram formados pela mesma. Entre eles, o homem forte do Panamá Manuel Noriega e o ditador boliviano Hugo Banzer; os assassinos de um arcebispo, um bispo, seis padres jesuítas e quatro norte-americanas membros da Igreja; além de um numeroso contingente de militares responsáveis pelas mortes de, literalmente, centenas de milhares de pessoas.

Desde os anos de 1989-93, tenho trabalhado e ouvido detalhadamente as histórias de perseguição contadas por refugiados da América Central, escapando do furor das ditaduras militares. Não foi coincidência que a maioria dos graduados da SOA naqueles anos provinham de países da América Central, como a Guatemala e El Salvador. Hoje, a maioria dos estagiários vem da Colômbia, onde, nos últimos dois anos, injetamos diariamente mais de US$ 2 milhões em ajuda militar para a "guerra contra as drogas", a cortina de fumaça para encobrir interesses de negócios que têm servido somente para inflamar uma guerra civil que dura há 40 anos. Há duas semanas, uma estreita maioria da Câmara dos Deputados liberou os fundos para a "erradicação das drogas" de modo a envolver-se abertamente em operações de contra-insurgência. Alguém se lembra do Vietnã?

Em 1996, o Pentágono foi forçado a liberar a consulta dos manuais de treinamento usados na escola, os quais defendiam o uso da tortura, extorsão e execução, segundo a organização que tenta monitorar as atividades da instituição, a The School of the America's Watch. Mesmo depois que esses manuais se tornaram de acesso público, os funcionários da Defesa continuaram a ressaltar que a maioria dos graduados da escola não tinha cometido o grosso dos abusos contra os direitos humanos de milhões de refugiados tentando escapar da situação. Talvez isso seja verdade. Mas, ao mesmo tempo, durante os últimos 55 anos a maioria dos militares latino-americanos que, na realidade, ordenaram esses abusos, aprenderam bem a lição através da SOA, patrocinada com o dinheiro dos nossos contribuintes.

Depois que a Câmara dos Deputados votou a favor do fechamento da escola em 1999, uma comissão do Senado votou, na proporção de 8-7, para mantê-la aberta, desde que a escola passasse a ter outro nome — vejam só — sendo rebatizada de Western Hemisphere Institute for Security Cooperation (WHISC) — Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança. Mesmo os defensores da SOA não viram qualquer diferença nessa ‘conversa de vendedor’ para a mudança de nome.

O antigo governador da Georgia, Paul Coverdell, garantiu a seus constituintes que a troca de nome era apenas uma "mudança cosmética", e a publicação Ledger-Inquirer de Columbus, Ga. concordou fortemente quanto a isso, em recente editorial. Different name - same shame. (Nome diferente - mesma vergonha). Hipocrisia orwelliana?

Por favor, juntem-se a mim e a numerosas coletividades, tais como a Igreja Presbiteriana, para tentar convencer líderes tais como o nosso distinto Sen. Carl Levin, Presidente da Comissão do Senado para as Forças Armadas, a fechar a SOA/WHISC e terminar com o "Plano Colômbia". Novamente, a ironia é que, no meio de nossa atual guerra contra o terrorismo em terras do Leste, estamos treinando e soltando anualmente levas de futuros terroristas para as terras do Sul. Ninguém acha isso uma hipocrisia?

O Rev. Charles Booker-Hirsch é pastor da Northside Presbyterian Church de Ann Arbor. Ele foi uma das 43 pessoas indiciadas no mês de abril, acusadas de invadir Ft. Benning, por ocasião do que ele qualifica de ato de desobediência civil solene não-violento, ocorrido no mês de novembro. A data para o julgamento "SOA 43" foi estabelecida para o dia 8 de julho no U.S. District Court de Columbus, GA.

 

June 17, 2002

Taking on the School of the Americas

Graduates from Ft. Benning partook in Latin America's most corrupt regimes, yet Congress still funds the school

by Rev. Charles Booker-Hirsch

Since the tragedy of 9/11, we have learned some of the ways Osama bin Laden has schooled his al-Qaida organization into a formidable terrorist organization. No major media organization I know of, however, dares today to discuss how for more than five decades - the last two decades on our own soil - our own government systematically has been operating a more substantial terrorist school.

Established in Panama in 1946 as a hemispheric Cold War beachhead, the U.S. Army School of the Americas (SOA), which operates solely for the training of Latin American military officers, was moved to Ft. Benning in Columbus, GA in 1984. Over 60,000 have graduated. They include Panamanian strongman Manuel Noriega and Bolivian dictator Hugo Banzer; the assassins of an archbishop, a bishop, six Jesuit priests and four American churchwomen; and countless other military strongmen responsible for the deaths of literally hundreds of thousands.

From 1989-93, I worked with and heard the graphic persecution stories of untold numbers of Central American refugees fleeing de facto military dictatorships. It was no coincidence that the majority of SOA graduates in those years hailed from the Central American countries of Guatemala and El Salvador. Today, the majority of trainees are imported from Colombia, where we have pumped over $2 million of military aid daily the last two years into a "war on drugs" smokescreen for business interests that has only served to inflame the 40-year civil war there. Just two weeks ago, a narrow House majority freed this "drug eradication" money to openly engage in counterinsurgency operations. Vietnam, anyone?

In 1996 the Pentagon was forced to release training manuals used at the school that advocated the use of torture, extortion and execution, according to The School of the America's Watch, a watchdog organization. Even after these were made public, Defense officials continued to point out that most of the school's graduates had not committed the scores of human rights abuses against the millions of refugees fleeing the wrath that's come. This may be true. At the same time, for the last 55 years most of the Latin American military officers who actually ordered these abuses learned their lessons well through our taxpayer-supported SOA.

After the House of Representatives decisively voted to shut down the school in 1999, a House-Senate conference committee voted 8-7 to keep it open, provided the school be renamed - get this - the Western Hemisphere Institute for Security Cooperation (WHISC). Even SOA proponents saw no difference in the much-touted renaming.

Georgia's late Sen. Paul Coverdell assured his constituents the name switch was "a cosmetic change," and the Columbus, Ga. Ledger-Inquirer strongly concurred in a recent editorial. Different name - same shame. Orwellian Doublespeak, anyone?

Please join me and numerous communions such as the Presbyterian Church in urging leaders such as our distinguished Sen. Carl Levin, Chair of the Senate Armed Services Committee, to close SOA/WHISC and discontinue "Plan Colombia." The irony again is that, in the midst of our current war on terrorism to parts East, we train and unleash scores of future terrorists yearly to parts South. Hypocrisy, anyone?

Rev. Charles Booker-Hirsch is pastor of Northside Presbyterian Church in Ann Arbor. He was one of 43 indicted in April for trespassing onto Ft. Benning during what he describes as a solemn nonviolent civil disobedience action last November. The "SOA 43" trial date has been set for July 8 at the U.S. District Court in Columbus, GA.

 

 

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