Estratégias e condições necessárias para a paz

 

 


Irmã Beth Murphy, OP
26 de janeiro de 2003

Apresentado no painel "Estratégias democráticas para a resolução de conflitos internacionais" durante o III Fórum Social Mundial, em Porto Alegre

Tradução Imediata

Irmã Beth Murphy com o menino iraquiano Hussein, de quatro anos. Ele tem um neuroblastoma com metástase, além de hepatite, contraída durante o tratamento. Os médicos deram a Hussein poucos meses de vida. FOTO: Chuck Quilty

Tentarei compartilhar com vocês a minha compreensão sobre "estratégias" e "condições necessárias" para a paz usando a única experiência de paz sobre a qual me baseio. Há centenas de dominicanos nos EUA e em todo o mundo que passaram muitos anos mais do que eu envolvidos em promover a paz, e que têm muito mais idéias sobre o que é preciso para criar "estratégias" e "condições necessárias" com o objetivo de promover maneiras pacíficas e democráticas para a resolução de conflitos. Meu único envolvimento sustentado e relativamente organizado em qualquer esforço para a promoção da paz tem sido minha experiência junto aos esforços dos dominicanos dos EUA com relação ao Iraque. Pelo que está acontecendo, parece que os meus amigos dominicanos e eu, aos olhos do mundo, pelo menos, estamos próximos ao fracasso.

Mesmo assim, em muitos outros níveis — pessoal, comunitário e espiritual — nunca considerarei minha parte neste momento histórico como um fracasso. Se eu não falhar aqui, hoje, tentarei compartilhar com vocês minha breve experiência de promoção da paz, e as condições necessárias para fazer a paz prevalecer. As condições são essas:

    1. Imaginação
    2. Relacionamento
    3. Resistência
    4. Amor

Acredito que a primeira condição necessária para a paz seja a habilidade de imaginar um mundo diferente, mais pacífico.

Em 1998, um pequeno grupo de irmãs dominicanas teve uma inspiração, depois de ter lido uma carta que o Mestre da Ordem dos Pregadores escreveu depois de sua visita ao Iraque, naquele ano. Foi uma inspiração que persistiu até que elas fizeram algo a respeito — e que, para muitas pessoas, ainda é inimaginável. Elas foram para o Iraque. Em 1999, elas saíram em surdina dos EUA, um pouco assustadas em romper publicamente com o embargo contra o Iraque imposto pela ONU e comandado pelos EUA, e que já durava 7 anos . Mas seus corações corajosos não permitiram que o medo dominasse. Em sua jornada, descobriram nossas irmãs e irmãos dominicanos, e correram para casa para nos contar a história. O que elas compartilharam liberou a imaginação de muitos dominicanos em todos os EUA, e nos levou ao ponto no qual nos encontramos: agora, nós dominicanos, em todo o mundo, estamos pregando para que o mundo todo ouça: "Temos família no Iraque: parem com essa marcha insensata em direção à guerra." "We have family in Iraq: cease this senseless march to war."

Aconteceram muitas coisas para os dominicanos dos EUA, desde a primeira delegação, "Voices for Veritas":

    • Duas delegações adicionais visitaram o Iraque, em violação às leis das sanções da ONU, sob o risco de multas e encarceramento;
    • Duas irmãs dominicanas fizeram suas próprias jornadas corajosas e estão vivendo entre nós, nos EUA;
    • Quatro dominicanos jejuaram e oraram pela paz numa praça pública da cidade de Nova York durante o mês de setembro. Eles acenderam a imaginação dos dominicanos em todo o mundo, sendo que todos continuaram a jejuar e orar. Em cerca de uma dúzia de logradouros públicos, e em inúmeras residências e conventos, os dominicanos e seus amigos estão jejuando e rezando pela paz todas as sextas-feiras.
      Eu rezo todas as sextas-feiras, na frente do velho Capitólio do Estado de Illinois, pouco distante do aposento onde Abraham Lincoln fez seu discurso histórico para pôr fim à escravidão. Cada sexta-feira, um homem chamado Brian, muito provavelmente descendente de escravos, junta-se a nós antes de ir ao trabalho. Ele não fica por muito tempo, mas nos encoraja, ajudando-nos a carregar os cartazes por alguns minutos. Enquanto esquentamos nossas mãos, ele nos esquenta o coração, com sua apreciação pela nossa fidelidade ao esforço. Estou certa de que histórias similares devem ser abundantes em locais de oração em todo o país.
    • Alguns dominicanos também se engajam em atos de desobediência civil, de modo a falar contra ulteriores agressões dos EUA ao povo do Iraque. A irmã dominicana Arlene Flaherty está entre os que serão julgados esta semana pelas ações empreendidas em dezembro, na cidade de Nova York.
    • Milhares de pessoas nos EUA e em todo o mundo foram tocadas pela campanha do botão e adesivos com a frase: "Tenho família no Iraque". O simples fato de usar o botão já ajuda, como testemunho. Uma de nossas irmãs teve sua bagagem minuciosamente verificada — até sua garrafa de xampu fi cheirada — quando encontraram o botão "Tenho família no Iraque" num compartimento de sua mala. .

Vejam o que a imaginação pode fazer!

Tudo começou porque um pequeno grupo de amigos teve a coragem de imaginar um mundo diferente, começando a criar relacionamentos sem levar em conta as fronteiras, os quilômetros, as culturas, as ideologias e o medo.

É um pouco constrangedor admitir que, antes da carta do mestre da ordem em 1998, muitos dominicanos nos EUA não estivessem cientes de que havia cristãos no Iraque, quanto mais dominicanos! E é também difícil admitir que foi preciso isso — a presença de cristãos ao interior de um país muçulmano — para despertar os corações de muitos, entre nós, para o sofrimento de 26 milhões de iraquianos.

Sim, esta é a graça: a imaginação criou as condições necessárias para que pudessem florescer relacionamentos. Para os cerca de 30 dominicanos que viajaram ao Iraque, não se trata mais de um país distante, repleto de seres humanos desconhecidos e sem nome, mas de um lugar cheio de pessoas cujos nomes e histórias conhecemos agora, nossos irmãos e irmãs cristãos e muçulmanos: Nazdar, Houda, Abudullah, Saif, Achmed, Jasim, Ali, Najim, Christine, Maria, Matilda, Mannes, Kamaran, Thamer, Adnan, Bushra, Makboula, Satar, Imad, Peter, Zhahida…

Sem o relacionamento pessoal que forjamos, nossos corações talvez nunca teriam despertado para os apuros em que o povo iraquiano está vivendo. E talvez nunca teríamos chegado ao ponto de resistência.

Compreendi o valor de minha ira e do meu desejo de falar, através das palavras de Mary Catherine Hilkert, teóloga dominicana. Em Speaking with Authority: Catherine of Siena and the Voices of Women Today ("Falando com autoridade: Caterina de Siena e as vozes das mulheres de hoje"), ela afirma:

"Às vezes, as palavras de protesto são as únicas palavras que podemos falar claramente, face à complexidade das forças do mal, entremeadas em nossas vidas e no mundo. Não podemos sempre ver ou nomear o caminho para frente. Além disso, nenhuma frente de libertação, ou programa social ou político pode ser identificado com o reino de Deus. Mas mesmo o grito de protesto é uma palavra de graça que nos leva à resistência e à busca de outros caminhos. O começo da busca de novos caminhos é falar a verdade daquilo que, claramente, não é o desejo de Deus para vida humana…"

Resistir — dizer não — pode ser um ato difícil e solitário. Mas quando encontramos a coragem para falar, também encontramos almas mais generosas. Os dominicanos têm feito parte integrante da crescente resistência nos EUA:

    • Muitos líderes de congregações e a liderança dominicana nacional escreveram declarações pedindo o fim das sanções e a favor de uma resolução pacífica para a crise.
    • Dominicanos escreveram cartas individualmente, para falar e informar os leitores de jornais e os funcionários públicos eleitos.
    • Participamos de passeatas pela paz e contactamos nossos senadores e representantes em Washington.
    • Viajamos para o Iraque, em violação das leis de sanção e cometemos atos de desobediência civil — tudo num esforço para dizer: "Não é em nosso nome que vocês vão declarar a guerra contra o povo iraquiano."

Muitos outros cidadãos americanos fizeram o mesmo. Um senador do meu estado de Illinois foi um dos poucos que votou contra a resolução do Presidente Bush no último outono, poucas semanas antes de ser reeleito com sucesso. Ele disse que participou de poucas votações ao longo de sua carreira de servidor público de que se lembrará com tanto orgulho. Um número recorde de eleitores ligaram para o seu escritório manifestando sua satisfação pela escolha do senador, numa proporção de 9 manifestando-se a favor para 1 contra — uma margem sem precedentes.

Os americanos — inclusive os americanos dominicanos — estão se levantando contra a tirania que esta guerra representa, jamais vista desde a Guerra do Vietnã — tudo isso acontecendo antes que comece a agressão.

Imaginação, relacionamentos, resistência — amor. Enfim, tudo se resume aí. É o amor que faz mover a imaginação, dá ímpeto aos relacionamentos, dá significado à resistência. No fim, acredito, é a força do amor que é A condição necessária para a paz.

Agora que conhecemos os rostos e os nomes de nossos irmãos e irmãs iraquianos, agora que vimos as pessoas que nossas sanções e bombas consideram como "danos colaterais", agora que amamos as pessoas do Iraque: somos forçados a colocar todos os nossos recursos de imaginação e relacionamentos e resistência a serviço do amor.

Foi o amor que levou meus colegas viajantes e eu mesma a ler a mensagem ao povo dos EUA, a partir de um santuário de uma Igreja Caldéia, em Bagdá, no mês de dezembro. Nós suplicamos:

Nós imploramos vocês, cidadãos dos Estados Unidos, a olhar nos olhos do povo do Iraque. Vejam o médico treinado pelos jesuítas que mal pode conter seu desespero e a mãe muçulmana que chora por seu filho agonizante. Ouçam o motorista de táxi que teme pela segurança de sua família, a irmã católica que cuida das mães grávidas, e os órfãos que dormem temerosos à noite, aguardando o estrondo das bombas. Essas são as pessoas do Iraque — pessoas que compartilham nossas esperanças e sonhos por um mundo de paz.

Tive o privilégio de me tornar amiga de duas irmãs dominicanas do Iraque. Elas foram enviadas aos EUA na primavera por suas comunidades no Iraque, com o propósito de participar conosco de nossa missão de pregar o Evangelho. O plano original incluía a data de chegada para setembro de 2001 nos EUA. Depois da tragédia de setembro, ninguém pensou ser possível que as irmãs pudessem chegar. Mas aconteceu. No mês de abril, as duas mulheres chegaram aos EUA. É sobretudo por causa delas que a minha viagem mais recente ao Iraque no mês passado, ainda mais que a viagem anterior, produziu uma transformação em mim. Ousaria dizer que a presença delas tocou a muitos dominicanos dos EUA.

Um dia, uma delas me disse: "Não me interessa tanto a paz entre os governos, quanto a paz entre os nossos povos." Minha sábia irmã compreende a realidade de uma força mais poderosa que a violência. É aquele o nível onde ocorre a mudança. Portanto, durante aquela viagem,

  • Foi a ira do amor que senti, ouvindo o médico num hospital de Basra que explicou que estudos projetam setecentos e cinquenta mil casos de morte por câncer somente na província de Basra, causados pela radiação tóxica a que os residentes tem estado expostos desde que os EUA derramaram 300 toneladas de material anti-taques radioativo, em 1991.
  • Foi a dor do amor que senti quando uma de minhas irmãs, a diretora de um hospital de Bagdá, confessou que a saúde emocional e psicológica das pessoas foi severamente testada pelo crescendo da retórica de guerra vinda de Washington. Tive dificuldade de encará-la quando perguntou: "Quando é que isso vai acabar? Já não foi suficiente?"
  • Foi o orgulho do amor que senti ao ouvir um dos frades falar sobre seus esforços para manter aberto o diálogo entre cristãos e muçulmanos, mesmo no meio das crescentes tensões criadas pela falta de sensibilidade dos EUA sob o impacto de sua retórica na população cristão do Iraque.
  • Foi a alegria do amor que senti quando o pai de uma das irmãs iraquianas que vive entre nós nos EUA me disse que "Agora, quando minha filha olhar nos seus solhos, ela verá a nós".
  • Foi o medo do amor que senti quando uma de minhas amigas me deu um adeus e um abraço prolongado e suspirou no meu ouvido um: "Terei muitas saudades suas, minha irmã."

Volto agora às palavras de Kathy Hilkert. Ela conclui o parágrafo sobre o valor da resistência dizendo:

"Mas para que as experiências de negatividade sejam também de contraste, antes que uma mera confirmação do absurdo e da aspereza da vida, deve-se ter, pelo menos, momentos fragmentários que signifiquem amor e alegria. É precisamente a vida do amor que conhecemos, a compaixão de Deus que experimentamos, que nos impulsiona a dizer que a vida poderia ser diferente, que a paz é possível, que os relacionamentos podem ser reparados.

Da mesma forma, é a experiência e a promessa de uma comunidade acolhedora, uma mesa compartilhada, e o perdão incondicional de Deus que sustenta o nosso compromisso de nos tornarmos mais plenamente o corpo de Cristo e de chamar o corpo como um todo para ser mais plenamente um sacramento de salvação em nosso mundo. Nossas esperanças são moldadas pelas histórias e pelo ritual que forma o horizonte de nossas imaginações."

Imaginação, relacionamentos, resistência, amor. Não sei se esse plano ordenado de 4 pontos para a paz seria bem sucedido fora de um contexto mais amplo, que eu tive o privilégio de ouvir e aprender nesses dias, aqui, neste belo e impressionante país. Mas disso eu tenho certeza: nada que fizermos aqui poderá ter sucesso sem isso. Gostaria que vocês vissem o Iraque — para começar a imaginá-lo, e de modo que, vocês também fossem movidos pelo amor do relacionamento e da resistência. Deixo vocês com essas breves imagens do povo do Iraque que tive a oportunidade de conhecer e amar. As vozes que fazem a música são aquelas das jovens mulheres dominicanas do Iraque, para quem, mais do que qualquer outra pessoa, embarquei nesta jornada incrível de imaginação, relacionamento, resistência e amor transformador.

 

Hilkert, Mary Catherine. Speaking with Authority: Catherine of Siena and the Voices of Women Today. Paulist Press. 2001.

Members of the delegation visiting residence of what used to be the quarters for priests at the Chaldean Cathedral. Chaldean Archbishop Gabriel Kassab, who you see entering the door, has turned 12 modest rooms over to people who would otherwise be homeless. Image: Beth Murphy

A shepherd boy we stopped to visit along the road to Mosul, not far from Tikrit, Saddam Hussein's hometown. Image: Beth Murphy

A child playing peek-a-boo in the Jumaryia region of Basra. We were visiting with her uncle, whose 7-year-old son was killed in 1999 by a Tomahawk missile shot from a ship in the Persian Gulf. Four children were killed, 67 people injured and 56 houses were destroyed. Image: Beth Murphy

Teens mugging for the camera in Basra. The town was once a thriving port and resort city, the Riviera of the Middle East. It's been ground zero for two wars, and will be again if the U.S. persists in its plans. Image: Beth Murphy

Child of Basra. Image: Beth Murphy

Some of the children of Basra. Image: Beth Murphy

Cooper market A coppersmith works his trade in the cavernous streets of Old Baghdad. I wish you could have heard the music he was making!Image: Beth Murphy

Members of the delegation crossing one of the many footbridges over the canal in Old Basra. 500,000 tons of raw sewage are pumped into Iraq's waterways everyday. Sanctions prevent the importation of many items necessary to purify the water in Iraq, include the most basic: chlorine. The level of water purification in the country, while improved since the Gulf War, is still less than half of what it was before 1990, according to UNICEF director Carel de Rooy. Image: Beth Murphy

 

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World Social Forum
Porto Alegre, RS, Brazil

26 January 2003
Beth Murphy, OP

Theme area 5

Democratic world order, combating miltarization and promoting peace.

Panel 5

Democratic strategies for solving international conflicts:

  • How can the necessary conditions and possible strategies for peaceful solutions to international conflicts be created?
  • How can we build pro-peace movements to oppose solution of conflicts by force?

Participants

  • Michel Warchawsky, AIC, Israel
  • Pedro Ibarra, the Basque Countries
  • Guillermo Kerber, World Council of Churches, Tanzania (confirmed)
  • Magdala Velasques, Red de Mulheres del Sur Ocidente, Colombia (confirmed)
  • Chris Nineham, Globalize Resistance, England
  • Sr. Beth Murphy, OP, Dominican Sisters, USA

 

 

Presentation by Sister Beth Murphy

 

I will try to share with you my understanding about "strategies" and "necessary conditions" for peacemaking using the only experience of peacemaking on which I have to draw. There are hundreds of Dominicans in the United States and around the world who have spent many more years peacemaking than I have, and who have greater insight into what it takes to create "strategies" and "necessary conditions" for peaceful, democratic resolutions to conflict. My only sustained and relatively organized involvement in any effort for peacemaking has been my experience with the U.S. Dominican efforts in Iraq. By the looks of things, my Dominican friends and I are, in the eyes of the world at least, very near to failure.

And yet, on many other levels -- personal, communal, spiritual -- I will never consider my part in this historic moment a failure. If I do not fail here, today, I will manage to share with you my brief peacemaking experience, and the conditions I see that are necessary for peace to prevail. They are these:

    1. Imagination
    2. Relationship
    3. Resistance
    4. Love

I find that the first necessary condition for peacemaking is the ability to imagine a different, more peaceful world.

In 1998 a small group of Dominican sisters were seized by and inspiration after having read a letter the Master of the Order of Preachers wrote after his visit to Iraq that year. It was an inspiration that wouldn’t let go until they had done something that was —and for many people still is — unimaginable. They went to Iraq. In 1999 they snuck out of the United States quietly, a bit fearful about publicly breaking the U.S.-led, UN imposed 7-year-old embargo on Iraq. But their courageous hearts did not give in to fear. On the journey they discovered our Dominican sisters and brothers, and rushed home to tell us the story. What they shared liberated the imaginations of many Dominicans throughout the United States and has brought us to the point that now Dominicans throughout the world are preaching for all the world to hear: "We have family in Iraq: cease this senseless march to war."

Much has happened for U.S. Dominicans since that first "Voices for Veritas" delegation:

    • Two additional delegations have visited Iraq in violation of UN sanctions law and at risk of fines and imprisonment;
    • two Iraqi Dominican sisters have made their own courageous journey and are living among us in the United States;
    • four Dominicans fasted and prayed for peace in a public square in New York City for the month of September. They sparked the imaginations of Dominicans all over the world, who have agreed to continue fasting and praying. At a dozen or so public sites and in countless private convents and homes, Dominicans and their friends are fasting and praying for peace each Friday.
      I pray each Friday, in front of the old Illinois State Capitol, just yards away from the very room where Abraham Lincoln made his historic call for an end to slavery. Each Friday a man named Brian, very probably a descendent of slaves, joins us on his way to work. He doesn’t stay long, but he encourages us by relieving each of us of the burden of our signs for a few minutes. While we warm our fingers, he warms our hearts with his appreciation for our fidelity to the effort. I’m sure similar stories can be found in abundance at prayer sites around the country.
    • Some Dominicans also engage in acts of civil disobedience in order to speak out against further U.S. aggression against the Iraqi people. Dominican Sister Arlene Flaherty is among those whose trial is this week for an action taken in December in New York City.
    • thousands of people in the United States and around the world have been touched by the "I have family in Iraq" button & bumper sticker campaign. Just wearing the buttons can be an important witness. One of our sisters had her luggage thoroughly searched — even her shampoo bottle was sniffed — when an "I Have Family in Iraq" button was found on a jacket in her suitcase.

See what imagination can do!

All of this started because small groups of friends had the courage to imagine a different world, and to begin to build relationships across the boundaries of miles, cultures, ideologies, and fear.

It is a bit embarrassing to admit that, prior to that letter from the master of the order in 1998, many Dominicans in the U.S. were unaware that there were Christians in Iraq, never mind, Dominicans! And it could also be difficult to admit that it took this — the presence of Christians within a mostly Muslim country — to awaken the hearts of many of us to the suffering of 26 million Iraqis.

Yet, this is the grace: imagination created the conditions necessary for relationships to blossom. For the 30 or so Dominicans who have traveled to Iraq, it is no longer a faraway land full of unknown and un-named human beings, but a place filled with people whose names and stories we now know, our sisters and our brothers, Christian and Muslim: Nazdar, Houda, Abudullah, Saif, Achmed, Jasim, Ali, Najim, Christine, Maria, Matilda, Mannes, Kamaran, Thamer, Adnan, Bushra, Makboula, Satar, Imad, Peter, Zhahida…

Without the personal relationships that we’ve forged, our hearts may never have been awakened to the plight of the Iraqi people. And we may never have come to the point of resistance.

I was led to understand the value of my anger and my desire to speak out, through these words from Mary Catherine Hilkert, a Dominican theologian. She wrote in Speaking with Authority: Catherine of Siena and the Voices of Women Today:

"Sometimes the words of protest are the only words we can speak clearly in the face of complex forces of evil woven into the fabric of our lives and world. We cannot always see or name the way forward. Further, no liberation front or political or social program can be identified with the reign of God. But even the cry of protest is a word of grace that moves us to resistance and to searching for another way. The beginning of finding a new path is speaking the truth of what clearly is not God’s will for human life …."

Resisting — saying no — can be a difficult and lonely act. But when one finds the courage to speak, one also finds kindred souls. Dominicans have been a part of the growing resistance in the U.S.:

    • Many congregational leaders and the national Dominican leadership have written statements calling for and end to sanctions and in favor of a peaceful resolution to the crisis.
    • Individual Dominicans write letters to speak out and educate newspaper readers and elected officials.
    • We’ve participated in peace rallies and lobbied our Senators and Representatives in Washington.
    • We’ve traveled to Iraq in violation of sanctions law and committed acts of civil disobedience -- all in an effort to say "Not in our name will you wage a continuing war on the Iraqi people."

So have many other Americans done these things. One senator from my home state of Illinois was among the few who voted against President Bush’s war resolution last fall, just weeks before his successful re-election. He said that there have been few votes in his career as a public servant that he will remember with as great a pride as that one. Record numbers of constituents called his office to register their opinion on his vote. Calls ran nine to one in favor of his decision — an unheard of margin.

Americans — including Dominican Americans — are standing up to the tyranny of this war in numbers unseen since Vietnam —all before the aggression starts.

Imagination, relationship, resistance — love. Finally it comes to this. It is love that moves the imagination, give impetus to relationships, gives meaning to resistance. In the end, I believe, it is the force of love that is THE necessary condition for peacemaking.

Now that we know the faces and names of our Iraqi sisters and brothers, now that we have seen the people our sanctions and bombs objectify as "collateral damage," now that we love people in Iraq: we are compelled to put all our resources of imagination and relationship and resistance a the service of love.

It was love that moved my fellow travelers and I to read a message to the people of the United States from the sanctuary of a Chaldean Church in Baghdad this past December. We cried:

We implore you, our fellow citizens of the United States, to look into the eyes of the people in Iraq. See the Jesuit-trained doctor who can barely contain his despair and the Muslim mother who grieves for her dying son. Listen to the taxicab driver who fears for the safety of his family, the Catholic sister who cares for pregnant mothers, and the orphaned children who sleep fitfully at night waiting for the sound of bombs. These are the people of Iraq–people who share our hopes and dreams for a peaceful world.

I have had the privilege of being befriended by two of my Iraqi Dominican sisters, They were sent last spring to the United States by their community in Iraq for the purpose of participating with us in our mission to preach the Gospel. The original plan included an arrival date of September 2001. After that September’s tragedy, no one thought it possible that the sisters would be allowed to come. But it happened. The following April the two young women arrived in the U.S. It is largely because of them that my most recent trip to Iraq last month, even more than my previous one, worked a transformation in me. I dare say their presence has touched the lives of many U.S. Dominicans.

One of them said to me one day, "I don’t care as much about peace between our governments, but between our people and your people." My wise sister understands the reality of a force more powerful than violence. That is the level at which change happens. So, during this trip,

  • It was love’s anger I felt, listening to the doctor at a Basrah hospital explain that studies project three quarter of a million cancer deaths in Basrah province alone, caused by the toxic radiation bath in which residents have lived since the U.S. shot off 300 tons of radioactive anti-tank ordinance 1991.
  • It was love’s pain I felt when one of my sisters, the director of a Baghdad hospital, confided that the emotional and psychological health of the people was severely tried by the crescendo of war rhetoric coming from Washington. I found it difficult to look her in the eye when she asked, "When will it end? Isn’t this enough?"
  • It was love’s pride I felt listening to one of the friars talk about his efforts to keep open the dialog between Christians and Muslims even amidst the growing tensions created by U.S. insensitivity to the impact of its rhetoric on the Christian population of Iraq.
  • It was love’s joy I felt when the father of one of the Iraqi sisters living with us in the United States told me "now when my daughter looks in your eyes, she will see us."
  • It was love’s fear I felt when one of my friends offered a long hug good-bye and whispered in my ear a final-sounding "I will miss you, my sister."

I return to the words of Kathy Hilkert. She concludes that paragraph about the value of reistance by saying:

"But for experiences of negativity to be ones of contrast, rather than mere confirmation of life’s absurdity and harshness, one must have had at least fragmentary moments of meaning, love, and joy. It is precisely the life of love we have known, the compassion of God we have tasted, that prompts us to say that life could be different, that peace is possible, that relationships can be mended.

Likewise, it is the experience and promise of a welcoming community, a shared table, and the unconditional forgiveness of God, that sustains our commitment to become more fully the body of Christ and to call the body as a whole to be more of a sacrament of salvation in our world. Our hopes are shaped by the stories and ritual that form the horizons of our imaginations."

Imagination, relationship, resistance, love. I don’t know whether this orderly 4-point plan for peacemaking would be successful outside the bigger context, which I’ve been privileged to hear and learn about during my days here in this startling, beautiful country. But this I do know: nothing we do here can succeed without it. I’d like you to see Iraq — to begin to imagine Iraq so that you, too, are moved by love to relationship and resistance. I leave you with this brief look at the people of Iraq, whom I’ve come to know and love. The voices providing the music are those of the young Dominican women of Iraq, for whom, more than anyone else, I’ve embarked on this incredible journey of imagination, relationship, resistance, and transformative love.

 

Hilkert, Mary Catherine. Speaking with Authority: Catherine of Siena and the Voices of Women Today. Paulist Press. 2001.

 

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