A Bechtel e o Sangue pela Água: a guerra como pretexto para ampliar o controle corporativo

Vandana Shiva

zmag.org

12 de maio de 2002

Tradução Imediata

Um mês depois do começo da guerra contra o Iraque, o verdadeiro vitorioso está emergindo. A Bechtel conseguiu um contrato de 680 milhões de dólares para "reconstruir" o Iraque.

A guerra conduzida pelos EUA primeiro bombardeou os hospitais, as pontes e a estrutura hídrica do Iraque, e agora as corporações dos Estados Unidos estão em fase de colheita dos lucros da "reconstrução" da sociedade iraquiana, depois de sua deliberada destruição. O sangue não foi derramado só pelo petróleo, mas também para o controle da água e de outras utilidades públicas vitais. Em um período de declínio do crescimento econômico e de desaceleração da ‘jaganata’ ou fanatismo da globalização, a guerra tornou-se um pretexto conveniente para ampliar o controle corporativo. Se a Organização Mundial do Comércio não for suficiente, usemos a guerra.

Essa parece ser a filosofia econômica e política subjacente dos neo-conservadores que comandam os EUA e que estão tentando controlar o mundo.

Aquilo que o mês passado revelou é a podre e total corrupção sobre a qual está baseada a nova ordem mundial.

Como Bob Herbert afirma em "Ask Bechtel what war is good for" ("Perguntem à Bechtel para que serve a guerra" (Herald Tribune, April 22, 2003 p6):

Em algum lugar, George Shultz está sorrindo.

Shultz, cuja foto poderia aparecer apropriadamente ao lado de qualquer definição de complexo industrial-militar, foi secretário de estado sob o Presidente Ronald Reagan e tem sido um perene peso pesado no poderoso Bechtel Group de São Francisco onde, previamente, reinou como presidente e agora é membro do conselho e conselheiro sênior.

Diferentemente de Edwin Starr, cantor soul contrário à guerra que, numa irônica coincidência do tempo, foi à sua eterna morada justamente neste mês, enquanto as forças dos EUA golpeavam seu caminho em direção à Bagdá - - Shultz sabe para que serve a guerra.

Ele queria muito esta guerra contra o Iraque. Como ele queria esta guerra! Shultz foi o presidente da ferozmente pró-guerra Comissão para a Liberação do Iraque, empenhada em se mover bem além da liberação política daquele país tão rico em petróleo, para a convenientemente lucrativa "reconstrução de sua economia".

Sob o título "Act Now; The Danger Is Immediate" ("É preciso agir agora: o perigo é imediato") Shultz, em um artigo aberto do The Washington Post no último mês de setembro, escreveu: "Existe uma base forte para ação militar imediata contra Hussein e para um esforço multilateral para reconstruir o Iraque, depois que ele se for".

Meu Deus, eu me pergunto que empresa ele tinha em mente para liderar esse esforço.

Na semana passada, o Bechtel Group de Shultz foi capaz de demonstrar exatamente para que servem as guerras. A administração Bush deu para a empresa o primeiro grande contrato de reconstrução, avaliado em 680 milhões de dólares, num período de 18 meses, o que coloca a Bechtel na liderança para a reconstrução a longo prazo do país, cujo custo está avaliado em 100 bilhões de dólares ou mais.

Basicamente, foi outorgada à Bechtel a licença de fazer dinheiro. E essa licença foi concedida num processo que ocorreu a portas fechadas, restrito a um punhado de companhias dos EUA coligadas politicamente.

A ditadura de Saddam está sendo substituída pela ditadura das corporações dos EUA — com pouca distinção deixada entre aqueles que sentam nos conselhos das empresas e aqueles que sentam na Casa Branca, no Pentágono e nas outras instituições do governo.

Corrupção e falta de transparência

Salientou-se a falta de transparência da China no caso da SARS. Mas a obtenção do primeiro contrato para a reconstrução do Iraque pela Bechtel é um exemplo ofuscante de não transparência, segredo e corrupção, por meio dos quais é estabelecido o domínio corporativo.

Tanto faz tratar-se de contratos de privatização na Bolívia ou na Índia, ou de contratos de "reconstrução" no Iraque, o sigilo e a falta de democracia e transparência caracterizam os métodos para ganhar mercados e lucros. Obviamente, o "livre comércio" é totalmente não livre. É coercitivo, corrupto, desonesto e violento. O comando corporativo não é uma alternativa à ditadura ao estilo de Saddam. É a substituição de uma ditadura por outra - - a ditadura das corporações, as quais seqüestraram o poder do estado e usam o poderio militar para se apossarem de mercados.

A desonestidade e o engano intrínsecos da ditadura corporativa parece não serem evidentes para aqueles que a impõem em nome da "operação liberdade ao Iraque". Isso parece derivar de uma confusão fundamental sobre liberdade e criação.

Quando a história de sete mil anos da Mesopotâmia foi destruída, na presença dos militares dos EUA, o comentário primitivo e irresponsável de Ronald Rumsfeld foi-

As pessoas livres são livres para cometerem erros e cometerem crimes e fazerem coisas ruins.

Seguindo essa lógica, os terroristas que lançaram aviões nas torres do World Trade Centre estavam exercendo sua liberdade legítima de "cometerem crimes e fazerem coisas ruins". E, na mesma lógica que fez da presença militar dos EUA um mero espectador mudo, permitindo a pilhagem de Bagdá e de seus tesouros, os EUA não tinham nenhum direito de começar uma guerra contra o terror depois de 11/9.

Da mesma forma como há uma grande confusão em relação a que a liberdade humana implica, entre aqueles que tentam criar a "liberdade" para os outros por meio da guerra, há confusão sobre a reconstrução e a "destruição". O que ocorreu no Iraque foi destruição. Estão referindo-se ao ocorrido como reconstrução. Pessoas inocentes foram assassinadas, milhares de anos de história da civilização foram destruídos e apagados. Apesar disso, Jay Garner — o general aposentado dos EUA, apontado unilateralmente como chefe do órgão para a Reconstrução e a Assistência Humanitária, falou em "dar à luz a um novo sistema no Iraque".

As bombas não "dão à luz" à sociedade. Elas aniquilam a vida. Novas sociedades não "nascem" pela destruição do legado histórico e cultural de antigas civilizações.

Quem sabe, a opção de se permitir a destruição do legado histórico do Iraque tenha sido um pré-requisito para essa ilusão de "dar à luz" a uma nova sociedade.

Quem sabe, os dirigentes nos EUA não percebam essas violações porque sua própria sociedade foi construída através do genocídio dos americanos nativos. A aniquilação do "outro" parece ser encarada de modo "natural" por aqueles que detêm o poder na nação que é a solitária super-potência do mundo. Quem sabe, a percepção da destruição deliberada de uma civilização e de milhares de vidas inocentes como processo de "dar à luz’ é uma expressão da "ilusão da criação" do patriarcado ocidental, que confunde destruição com criação e aniquilação com nascimento.

A "ilusão da criação" identifica capital e máquinas, incluindo as máquinas de guerra, como fontes de "criação" e a natureza e as sociedades humanas, especialmente as sociedades não ocidentais, como mortas, inertes, passivas, perigosas e canibais.

Essa visão de mundo cria o "fardo do homem branco" para libertar a natureza e as nossas sociedades, até mesmo com a violência, e encarando isso tudo como "nascimento" da liberdade.

Seja quais forem as raízes profundas de se estabelecer uma economia de pilhagem e violência no Iraque em nome da "reconstrução", a especulação e o lucro através da guerra por corporações como a Bechtel confirma que a guerra é a globalização feita por outros meios. Para as pessoas de todo o mundo, o desafio é fazer convergir as energias do movimento anti-globazalição, do movimento pela paz e dos movimentos em prol da democracia real.

Nosso desafio é reivindicar o significado real da liberdade, salvando-a das degradações a que tem sido submetida pela ambigüidade e falsidade do "livre comércio" e da "operação liberdade ao Iraque". A "liberdade" buscada através dos tratados e regulamentações de livre comércio da OMC e a "liberdade" resultante da guerra ao Iraque é liberdade para as corporações lucrarem. Essa liberdade é uma licença para pilhagem. E a pilhagem corporativa e a liberdade corporativa estão destruindo a democracia e a liberdade dos povos e sociedades.

A nova liberdade que as pessoas procuram em todo o mundo é a liberdade contra a ditadura corporativa, a qual é facilitada e capacitada pelo militarismo e pela guerra.

Este fato é tão importante para os cidadãos do Iraque e de outros países invadidos pelas corporações globais, sob proteção dos militares e dos tratados de "livre comércio", quanto para os cidadãos dos EUA.

O contrato Bechtel, e a guerra do Iraque que criou a oportunidade de lucros com a "reconstrução", botaram para fora as questões de falta de transparência e responsabilidade numa democracia que opera conforme as decisões econômicas e políticas são tomadas pela administração dos EUA, a qual se tornou indistinguível das corporações dos EUA. Um regime no qual os governos se tornaram meros instrumentos dos interesses corporativos não é mais uma democracia. Em vez da governança ser feita "a partir do povo, pelo povo e para o povo", ela passou a ser feita "a partir das corporações, pelas corporações e para as corporações".

Para que a democracia floresça, é premente que ocorra uma "mudança de regime", nos EUA, no Iraque, e em cada país onde a ditadura das corporações estiver se entrincheirando.

A Bechtel na Bolívia

O exemplo mais famoso de ganância corporativa é o caso da Bechtel em Cochabamba, Bolívia, pelo controle da água. Nessa região semi-desértica, a água é escassa e preciosa. Em 1999, o Banco Mundial recomendou a privatização da entidade encarregada do abastecimento municipal de água de Cochabamba (SEMAPA) por meio de uma concessão para a International Water, uma subsidiária da Bechtel. Em outubro de 1999, foi aprovada a Lei de Água Potável e de Saneamento, terminando os subsídios do governo e permitindo a privatização.

Numa cidade onde o salário mínimo é inferior a 100 dólares por mês, a conta mensal da água alcançou 20 dólares por mês, quase o custo de se alimentar uma família de cinco pessoas por duas semanas. Em janeiro de 2000, foi formada uma aliança de cidadãos chamada "La Coordinadora" de Defense del Aqua y de la Vida (A Coalizão para a Defesa da Água e da Vida) e ela parou todas as atividades da cidade por 4 dias, por meio de mobilizações em massa. Entre janeiro e fevereiro de 2000, milhões de bolivianos marcharam a Cochabamba, houve uma greve geral e foi suspenso todo o transporte público.

O governo prometeu reverter a alta dos preços, mas de fato isso nunca ocorreu. Em fevereiro de 2000, La Coordinadora organizou uma manifestação pacífica exigindo a rescisão da Lei de Água Potável e Saneamento, a anulação dos decretos que permitiam a privatização, o término do contrato para a água e a participação dos cidadãos na elaboração do projeto de lei sobre os recursos hídricos. As demandas dos cidadãos, que contrariavam os interesses corporativos, foram reprimidas com violência. A crítica fundamental de Coordinora era dirigida contra a negação da água como propriedade da comunidade. Os manifestantes levavam slogans como "A Água é um presente de Deus e não uma mercadoria" e "Água é Vida".

Em abril de 2000, o governo tentou silenciar os manifestantes da água por meio de uma lei de mercado. Alguns ativistas foram presos, alguns manifestantes assassinados, e a mídia foi censurada. Finalmente, em 10 de abril de 2000, o povo venceu. Aquas del Tunari e Bechtel saíram da Bolívia. O governo foi forçado a rescindir a tão odiada legislação para a privatização da água. A companhia de águas Servicio Municipal del Aqua Potable y Alcantarillado (SEMAPO) foi devolvida aos trabalhadores e ao povo, juntamente com suas dívidas. No verão de 2000, La Coordinadora organizou audiências públicas para estabelecer um planejamento e uma gestão democráticos. Os cidadãos assumiram o desafio de estabelecer uma democracia da água, mas os ditadores da água estão tentando fazer o impossível para subverter o processo. A Bechtel abriu processo contra os bolivianos e o governo da Bolívia está molestando e ameaçando os ativistas da La Coordinadora.

Se tentarmos aprender com a lição da Bolívia, a Bechtel vai tentar controlar seus recursos hídricos, não só os recursos hídricos do Iraque. Se a comunidade internacional e os iraquianos abaixarem a vigilância, a Bechtel poderia tentar deter a posse do Tigre e do Eufrates da mesma forma que tentou "possuir" os poços da Bolívia.

A Bechtel e a Índia

A Bechtel Enterprises, uma companhia de controle privado, é a maior companhia de construção do mundo, tendo estado envolvida maciçamente no boom do setor de construção dos EUA durante o período posterior à Segunda Guerra Mundial. Ela é responsável por mais de 19.000 projetos em 140 países, operando em todos os continentes (exceto a Antártida). A Bechtel está envolvida em mais de 200 estações de água e de tratamento de água em todo o mundo, em grande parte através de suas subsidiárias e joint ventures, tais como a International Water (sociedade formada pela Bechtel, a Edison da Itália, e a United Utilities do Reino Unido).

Na Índia, a Bechtel esteve envolvida no estabelecimento Dabhol junto com a Enron, e agora está envolvida na privatização da água de Coimbatore/Tirrupur, como parte de um consórcio com a Mahindra and Mahindra e a United International North West Water. Assim como para outros contratos de privatização da água, esse contrato não foi divulgado ao público. Negócios que só podem ser levados adiante a portas fechadas, em pleno sigilo, não promovem a liberdade. Só extinguem tanto a liberdade quanto a democracia.

 

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Bechtel And Blood For Water: War As An Excuse For Enlarging Corporate Rule

Vandana Shiva

zmag.org

May 12, 2003

Within a month of the start of the war against Iraq, the real victor is emerging. Bechtel has got a $680 million contract for "rebuilding" Iraq.

The U.S. led war first bombed out Iraq's hospitals, bridges, water works, and now U.S. corporations are harvesting profits from "reconstructing" a society after its deliberate destruction. Blood was not just shed for oil, but also for control over water and other vital services. In a period of declining economic growth and a slowing down of the globalization juggernaut, war has become a convenient excuse for enlarging corporate rule. If W.T.O. is not enough, use war.

This seems to be the underlying economic and political philosophy of the neo-conservatives ruling the U.S. and trying to rule the world.

What the past month has revealed is the total and rotten corruption on which the new world order is based.

As Bob Herbert states in "Ask Bechtel what war is good for" (Herald Tribune, April 22, 2003 p6)

Somewhere George Shultz is smiling

Shultz, whose photo could appropriately appear next to any definition of the military-industrial complex, was secretary of state under President Ronald Reagan and has been a perennial heavyweight with the powerful Bechtel Group of San Francisco, where he previously reigned as president and is now a board member and senior counselor.

Unlike the anti-war soul singer Edwin Starr -- who, in an ironic bit of timing, went to his eternal reward this month just as U.S. ground forces were sweeping toward Baghdad -- Shultz knows what war is good for.

And he wanted this war with Iraq. Oh, how he wanted this war. Shultz was chairman of the fiercely pro-war Committee for the Liberation of Iraq, which was committed to moving beyond the political liberation of the oil-rich country to the conveniently profitable "reconstruction of its economy."

Under the headline "Act Now; The Danger Is Immediate," Shultz, in an op-ed article in The Washington Post last September, wrote: "A strong foundation exists for immediate military action against Hussein and for a multilateral effort to rebuild Iraq after he is gone."

Gee, I wonder which company he thought might lead that effort.

Last week Shultz's Bechtel Group was able to demonstrate exactly what wars are good for. The Bush administration gave it the first big Iraqi reconstruction contract, a prized $680 million deal over 18 months that puts Bechtel in the driver's seat for the long-term reconstruction of the country, which could cost $100 billion or more.

Bechtel essentially was given a license to make money. And that license was granted in a closed-door process that was restricted to a handful of politically connected U.S. companies.

Saddam's dictatorship is being replaced by U.S. corporate dictatorship -- with little distinction left between those who sit in board rooms and those who sit in White House, Pentagon and other institutions of government.

Non-transparency and corruption

China's non-transparency has been highlighted in the case of SARS. Bechtel getting the first contract for Iraq's reconstruction is a glaring example of the non-transparency, secrecy and corruption through which corporate rule is established.

Whether it is water privatization contracts in Bolivia or India, or "reconstruction" contracts for Iraq, secrecy and lack of democracy and transparency characterizes the methods for gaining markets and profits. "Free trade" is clearly totally unfree. It is coercive, corrupt, deceitful and violent. Corporate rule is not an alternative to Saddam style dictatorship. It is replacing one dictatorship with another -- the dictatorship of corporations which have hijacked state power and use military might to grab markets.

The intrinsic dishonesty and deceit of corporate dictatorship seems to not be apparent to those who impose it in the name of "operation Iraqi freedom". This seems to arise from a fundamental confusion about freedom and creation.

When the 7000 year history of Mesopotamia was destroyed in the presence of U.S. military, Ronald Rumsfeld's naïve and irresponsible comment was -

Free people are free to make mistakes and commit crimes and do bad things.

On this logic, the terrorists who crashed planes into the World Trade Centre towers were exercising a legitimate freedom to "commit crimes and do bad things". And on the same logic that made the U.S. military presence a mute spectator allowing Baghdad and its historical treasures to be looted, the U.S. had no right to start a war against terror after 9/11.

Just as there is confusion about what human freedom entails among those trying to create "freedom" for others through war, there is confusion about reconstruction and "destruction". What happened in Iraq was destruction. It is being referred to as reconstruction. Innocent people were killed, thousands of years of civilisational history was destroyed and erased. Yet, Jay Garner - the retired U.S. General appointed unilaterally as head of office for Reconstruction and Humanitarian Assistance, talked about "giving birth to a new system in Iraq".

Bombs do not give "birth" to society. They annihilate life. New societies are not "born" by destroying the historical and cultural legacy of ancient civilizations.

May be the choice to allow destruction of Iraq's historical legacy was a pre-requisite for this illusion of giving "birth" to a new society.

May be the rulers in U.S. do not perceive these violations because their own society was built on the genocide of native Americans. Annihilation of the "other" seems to be taken as "natural" by those controlling power in the world's lone super power. May be the perception of the deliberate destruction of a civilization and thousands of innocent lives as a "birthing" process is an expression of the western patriarchy's "illusion of creation" which confuses destruction with creation and annihilation with birthing.

The "illusion of creation" identifies capital and machines, including war machines as sources of "creation" and nature and human societies, especially non-western societies as either dead, inert, passive, or dangerous and cannibalistic. This worldview creates the "white man's burden" for liberating nature and our societies even with violence, and seeing it as the "birth" of freedom.

Whatever the deeper roots of establishing an economy of loot and violence in Iraq in the name of "re-construction", the profiteering from war by corporations like Bechtel confirms that war is globalisation by other means. For people worldwide the challenge is to converge the energies of the anti-globalisation movement, the peace movement and movements for real democracy.

Our challenge is to reclaim the real meaning of freedom, rescuing it from the degradations it has been subjected to by the doublespeak of "free trade" and the doublespeak of "operation Iraqi Freedom". The "freedom" being sought through free trade treaties and rules of W.T.O. and the "freedom" resulting from the Iraq war is freedom of corporations to profit. This freedom is a license to loot. And corporate loot and corporate freedom is destroying democracy and freedom for people and societies.

The new freedom people seek worldwide is freedom from corporate dictatorship facilitated and enabled by militarism and war.

This is as important for citizens of Iraq and other countries invaded by global corporations under the protection of military or "free trade" treaties, as it is for the citizens of the U.S.

The Bechtel contract, and the Iraq war which created the opportunity for profits in "reconstruction" have thrown up issues of lack of democracy transparency and accountability in the way economic and political decisions are made by a U.S. administration which has become indistinguishable from U.S. corporations. A regime in which governments became instruments of corporate interest is no longer a democracy. Instead of governance being "of the people, by the people, for the people", governance becomes "of the corporations, by the corporations, for the corporations".

For democracy to thrive a "regime change" is urgently needed, in the U.S., in Iraq, and in every country where corporate dictatorship is getting entrenched.

Bechtel in Bolivia

The most famous tale of Bechtel's corporate greed over water is the story of Cochabamba, Bolivia. In the semi-desert region, water is scarce and precious. In 1999, the World Bank recommended privatisation of Cochabamba's municipal water supply company (SEMAPA) through a concession to International water, a subsidiary of Bechtel. On October 1999, the Drinking Water and Sanitation Law was passed, ending government subsidies and allowing privatization.

In a city where the minimum wage is less than $100] a month water bills reached $20 a month, nearly the cost of feeding a family of five for two weeks. In January 2000, a citizen's alliance called "La Coordinara" de Defense del Aqua y de la Vida (The Coalition in Defense of Water and Life) was formed and it shut down the city for 4 days through mass mobilisation. Between Jan and Feb 2000, millions of Bolivians marched to Cochabamba, had a general strike and stopped all transportation].

The government promised to reverse the price hike but never did. In February 2000, La Coordinara organised a peaceful march demanding the repeal of the Drinking Water and Sanitation Law, the annulment of ordinances allowing privatization, the termination of the water contract, and the participation of citizens in drafting a water resource law. The citizens' demands, which drove a stake at corporate interests, were violently repressed. Coordinora's fundamental critique was directed at the negation of water as a community property. Protesters used slogans like "Water is God's gift and not a merchandise" and "Water is life".

In April, 2000 the government tried to silence the water protests through market law. Activists were arrested, protestors were killed, and media was censored. Finally on April 10, 2000, the people won. Aquas del Tunari and Bechtel left Bolivia. The government was forced to revoke its hated water privatisation legislation. The water company Servico Municipal del Aqua Potable y Alcantarillado (SEMAPO) was handed over to the workers and the people, along with the debts. In summer 2000, La Coordinadora organised public hearings to establish democratic planning and management. The people have taken on the challenge to establish a water democracy, but the water dictators are trying their best to subvert the process. Bechtel is suing Bolivians and the Bolivian government, is harassing and threatening activists of La Coordinadora.

If we go by the lessons from Bolivia, Bechtel will try and control the water resources, not just the water works of Iraq. If the international community and the Iraqis are not vigilant, Bechtel could try and own the Tigris and Eupharates, as it tried to "own" the wells of Bolivia.

Bechtel and India

Bechtel enterprises, a privately held firm, is the world's largest construction company, having been involved heavily in the US's construction boom in the post WWII period. They are responsible for over 19,000 projects in 140 countries, with operations on all continents (save Antarctica). Bechtel is involved in over 200 water and wastewater treatment plants around the world, in large part through its subsidiaries and joint ventures such as International Water (which is partnership of Bechtel, Edison of Italy, and United Utilities in the UK).

In India Bechtel was involved in the Dabhol plant with Enron, and is now involved in water privatisation of Coimbatore/Tirrupur as part of a consortium with Mahindra and Mahindra, United International North West Water. As with other water privatisation contracts, the contract has not been made public. Business that can only be carried out behind closed doors, under secrecy, does not promote freedom. It extinguishes both freedom and democracy.

Biodiversidade Ambiental e Midiática:

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