O Perigo das Partículas da Nanotecnologia

Tradução Imediata

O ETC Group anuncia o lançamento de um novo comunicado de 8 páginas, titulado "No Small Matter: Nanotech Particles Penetrate Living Cells and Accumulate in Animal Organs." (Uma questão nada pequena: partículas produzidas pela nanotecnologia penetram células vivas e se acumulam em órgãos de animais.)

O debate sobre os perigos potenciais da nanotecnologia (ou seja, a manipulação da matéria na escala nanométrica, ou seja, de um bilionésimo de metro) tem sido desenvolvido no campo teórico ou na campo seguro e ficcional dos filmes de Hollywood: será que um dia os cientistas serão capazes de criar nanobots auto-agregáveis programados para produzir bens comerciais, comida e novas formas de vida? E o que aconteceria se eles forem efetivamente capazes de fazer isso tudo? Por outro lado, até agora praticamente não tem havido qualquer debate sobre o perigo potencial da nanotecnologia aplicada de hoje em dia (isto é, da manipulação da matéria dentro da escala infinitesimalmente pequena do nanômetro para produzir materiais úteis). Pesquisadores têm apenas começado a formular as perguntas mais básicas sobre o impacto dos novos nanomateriais na saúde do ser humano e no meio-ambiente. Evidência de contaminação de nanopartículas em organismos vivos e questões sem resposta quanto aos perigos potenciais das novas formas de carbono exigem um exame urgente da parte da sociedade.

O texto completo "No Small Matter" está disponível no website do ETC:

Sumário:

Questão: em uma reunião para se fazer um levantamento dos fatos, ocorrida na metade do mês de março, na US Environmental Protection Agency (EPA) (Órgão do Governo EUA para a Proteção do Meio-Ambiente), pesquisadores reportaram que as nanopartículas estão sendo encontradas no fígado de animais usados em pesquisas, que elas podem vazar em células vivas, e talvez, através de bactérias podem entrar na cadeia alimentar. O uso comercial do carbono em escala nanométrica foi definido seja como "a melhor coisa depois da invenção do pão em fatias", seja como "o próximo amianto". Apesar dessas revelações, não existem regulamentações (nem planos para um corpo de leis) dedicado a supervisionar essa nova tecnologia, extremamente potente e extremamente invasiva.

Contexto: Empurrada como a maior e mais ‘verde’ solução tecnológica de todos os tempos, os proponentes alegam que essas manipulações em escala atômica resolverão nossos problemas ambientas e garantirão o desenvolvimento não só sustentável, como também perpétuo. A nanotecnologia é a manipulação da matéria, trabalhando com os elementos da Tabela Periódica (átomos e grupos de átomos [moléculas] dentro da escala do nanômetro [nm], um bilionésimo de metro. Na escala nanométrica, os átomos funcionam na esfera fabulosa da física quântica, onde os elementos ordinários podem exibir uma força extraodinária, tolerância à temperatura, cores, reatividade química, e condutividade elétrica – características inconcebíveis nas escalas micro ou macro. Empresas já estão produzindo em massa toneladas de nanomateriais comerciais para uso como catalisadores, em cosméticos, tintas, revestimentos, tecidos, e para fornecer mais resistência. Alguns dos materiais são compostos familiares que nunca foram comercializados antes em escala nanométrica; outros materiais são elementos atomicamente modificados que não existem na natureza. Algumas das novas formas de carbono (componente de todas as formas vivas) – chamados nanotubos e fullerenes – estão sendo produzidos pela primeira vez e o seu impacto no ambiente ainda é desconhecido.

Implicações: a nanotecnologia – incluindo a nanobiotecnologia- tem sido divulgada pelas indústrias e pelos governos como a próxima revolução industrial, a maior e mais rápida do mundo. Mais de 450 empresas dedicadas à nanotecnologia já estão no mercado produzindo uma gama de produtos da "nano velha" (por ex.: partículas usadas em cosméticos e atomizadores) e produtos da "nano nova" (por ex.: chips, sensores e novas formas de carbono). As despesas globais com Pesquisa e Desenvolvimento se situam em torno dos US$ 4 bilhões. A US National Science Foundation estima que dentro de dez anos, todo o setor de semicondutores e a metade do setor farmacêutico dependerão da nanotecnologia e que, até 2015, o mercado global será de US$ 1 trilhão. O setor industrial se empenhará com afinco para que as preocupações relativas à saúde e ao ambiente não desviem o progresso da nanotecnologia, como aconteceu com a biotecnologia.

Política: Como a nanotecnologia geralmente trabalha com a construção elemental dos blocos de vida – mais do que com a vida diretamente – ela escapou do escrutínio social, político e legislativo. Até agora, a Food and Drug Administration (FDA) não estabeleceu políticas ou protocolos para a segurança com relação às nanopartículas presentes em produtos já disponíveis no mercado. Em função das preocupações com a contaminação de nanopartículas em organismos vivos, os chefes de estado que estarão presentes no World Summit on Sustainable Development de Johannesburg (26 de agosto a 4 de setembro de 2002), deveriam declarar uma moratória imediata com relação aos produtos comerciais de nanomateriais novos e lançar um processo global transparente para avaliar as implicações da tecnologia nos aspectos sócio-econômicos, de saúde e meio-ambiente.

 

Biodiversidade Ambiental

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