April 15, 2004

Miséria atinge 33% da população brasileira (FGV)

Os miseráveis no país somam 33% da população e têm renda mensal abaixo de R$ 79,00, segundo a Fundação Getúlio Vargas. FONTE: AgÊNICA BRASIL/FOLHA DE S.PAULO

A erradicação da pobreza seria possível com a contribuição mensal de R$ 14,00 de cada brasileiro que está acima da linha de pobreza, o que daria um montante de R$ 2 bilhões por mês para investimentos em programas sociais. O cálculo consta do Mapa do Fim da Fome II, divulgado nesta quinta-feira pela Fundação Getúlio Vargas, Sesc Rio e pela Organização Não-governamental Ação da Cidadania.
O estudo localiza a miséria em cada unidade da federação. Detalha as condições sócio-econômicas e mostra que a pobreza agora se espalhou pelas grandes cidades, enquanto na década passada estava concentrada nas periferias. "As grandes cidades foram atingidas pela crise social dos anos 90 e agora faltam políticas públicas integradas para resolver os dois principais problemas, que são a violência e o desemprego", avalia o economista Marcelo Nery, coordenador da pesquisa.
O estudo mostra a relação direta do desemprego com a fome e a pobreza. Nas favelas do Rio de Janeiro o índice de desemprego atinge 19% da população. No Estado, a taxa é de 9%.
Ainda sobre as favelas cariocas, a pesquisa destaca que a Rocinha, a maior da América Latina e palco da guerra de traficantes de drogas nos últimos 10 dias, tem o nível de escolaridade mais baixo do Rio e a quarta menor renda da cidade.
As informações são da Agência Brasil.

Posted by Silvio at 09:10 PM | Comments (157)

GUERRA CIVIL

Em 20 anos (de 1980 a 2000), 598.367 brasileiros foram assassinados. FONTE: IBGE e ANTÔNIO GOIS/PEDRO SOARES DA SUCURSAL DO RIO da FOLHA DE S.PAULO

No período, a taxa de mortalidade por homicídio do país cresceu 130%, passando de 11,7 mortos por 100 mil habitantes para 27 por 100 mil. Os dados constam da "Síntese de Indicadores Sociais" do IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística), divulgada ontem no Rio.
A população do país passou de 119 milhões, em 1980, para 170 milhões, em 2000 (43% a mais).
A taxa de homicídios, calculada com base em dados do DataSus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), mostra que Pernambuco apresentava em 2000 a maior taxa de mortos por homicídio, com 54 por 100 mil habitantes. Era seguido por Rio (51), Espírito Santo (46) e São Paulo (42).
Dos quase 600 mil brasileiros assassinados, 62% o foram na década de 90. O número total de mortes violentas (incluem suicídios e acidentes de trânsito) nesses 20 anos foi de 2.069.866 brasileiros, sendo que os homens representaram 82,2% desse total.
O aumento dos homicídios, principalmente na década de 90, é o principal fator que explica o crescimento do número de mortes violentas no país. Na década de 80, o brasileiro morria mais de acidente de trânsito do que de homicídio, padrão que se inverteu na década de 90.
O IBGE focalizou o estudo sobre as causas dos homicídios no grupo populacional mais afetado por essas mortes: homens de 15 a 24 anos. Os dados mostram que as armas de fogo tiveram um papel preponderante no aumento dessa estatística na década de 90.
Em 1991, pouco mais da metade (56%) dos homicídios entre homens de 15 a 24 anos eram causados por armas de fogo. Em 2000, a proporção já era de três em cada quatro (75%) assassinatos.
De 1991 para 2000, o número de homens de 15 a 24 anos mortos por armas de fogo cresceu 134%, passando de 5.220 para 12.233. No período, a taxa de mortalidade por armas de fogo na população masculina nessa faixa etária aumentou de 36,8 mortes por grupo de 100 mil habitantes para 71,7 mortes por 100 mil.
O Rio foi o Estado que apresentou maior taxa em 1991 e em 2000, com um aumento de 124,5 para 181,6. Pernambuco (179,5) e Espírito Santo (121,7) aparecem logo abaixo do Rio. São Paulo, que em 1991 ocupava a nona colocação, passou para a quarta em 2000. A taxa subiu de 43,6 para 114,6.
Como os homicídios e outras mortes mais violentas afetam mais os jovens, o impacto dessa mortalidade é significativo na redução da expectativa de vida nos principais centros urbanos.
No Estado do Rio, as mortes por causas violentas reduzem em 4,1 anos a expectativa de vida dos homens, segundo um cálculo feito pelo IBGE a partir de dados de 1998. Em São Paulo, os homens estão vivendo três anos a menos. Em Pernambuco, 3,5 anos.
No Brasil, as mulheres vivem sete anos a mais. No Rio, a distância é de 12 anos. Nos países desenvolvidos, a diferença é de 3 a 4 anos, diz Celso Simões, da Coordenação de Indicadores Sociais.

FONTE: IBGE e ANTÔNIO GOIS/PEDRO SOARES DA SUCURSAL DO RIO da FOLHA DE S.PAULO

Posted by Silvio at 09:04 PM | Comments (154)

Desmatamento na Amazônia cresce 2%

A estimativa de desmatamento na Amazônia ficou em 23.750 km2 para o período 2002-2003, segundo dados divulgados ontem pelo governo federal. Com isso, a região amazônica já perdeu 16,3% da área de floresta desde a década de 1970. São 653 mil km2, equivalentes aproximadamente aos territórios da França e de Portugal. FONTE LUCIANA CONSTANTINO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA DA FOLHA DE S.PAULO

O dado representa um crescimento de 2% em relação à confirmação da área devastada entre 2001-2002, percentual que está dentro da margem de erro do Inpe (entre 4% e 5%).
Apesar de estar abaixo da expectativa inicial, tanto do governo como de entidades ligadas ao setor, a estimativa ficou em um patamar "inaceitável", "gravíssimo" e "intolerável", de acordo com os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Marina Silva (Meio Ambiente).
Em comparação com outras áreas contínuas de floresta tropical no mundo, em que pelo menos metade da mata já foi destruída, o dado de 16,3% parece reduzido. Mas é preciso levar em conta que se trata da maior extensão de floresta desse tipo, cerca de 4 milhões de km2 -metade do Brasil.
Um grupo de 25 cidades em três Estados -Mato Grosso, Pará e Rondônia- concentrou praticamente 50% da área devastada em 2003, sendo São Félix do Xingu (PA) o campeão, com 1.332 km2.
Mato Grosso lidera o ranking de desmatamento entre os Estados, com 10.416 km2. Atrás vem Pará, com 7.293 km2.
Segundo o governo, a maior parte do desmatamento em Mato Grosso é ilegal. Uma situação grave, porque é o Estado com o sistema mais avançado de licenciamento ambiental.
Do total desmatado em áreas protegidas, as unidades indígenas apresentaram aumento de 57,33% de devastação, representando 682 km2. Desses, a maior parte está na área Apyterewa. Por outro lado, as áreas federais e estaduais tiveram retração, 23,45% e 6,10%, respectivamente.
"Pela primeira vez, o anúncio dos dados não é um ato isolado do ministério, mas uma ação de governo. [O desmatamento] não é algo que se resolve em um ano", disse Marina Silva. "Não estamos implantando ações que possam dar frase de efeito, mas que são estruturantes."
Como era esperado, a confirmação da área devastada em 2001-2002 também ficou abaixo da estimativa inicial, fechando em 23.266 km2. Isso representa um aumento de 28% em comparação ao período 2000-2001. A marca divulgada no ano passado havia sido de 25.476 km2, o que projetava um aumento de 40%.
O governo aponta entre as causas do desmatamento a expansão da pecuária e da agricultura, principalmente soja, a grilagem de terras públicas e a exploração predatória de madeira. Para combatê-las, o ministro José Dirceu disse que o governo tem o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia.
Destacou entre as ações o sistema de alerta para detectar em tempo real o desmatamento (a ser inaugurado no próximo dia 13), a criação de novas áreas de conservação (um total de 134 mil km2) e um acordo de cooperação entre ministérios para a fiscalização integrada, inclusive com Estados.
O acordo foi assinado ontem entre Justiça, Meio Ambiente, Defesa e Desenvolvimento Agrário. Com isso, o Exército passa a fornecer helicópteros para o Ibama fazer as fiscalizações. Com isso, o órgão gastará 30% do que investia no aluguel de aeronaves.
As equipes de fiscalização também terão, a partir deste mês, representantes do Ministério do Trabalho, Incra, Receita Federal e polícias Rodoviária e Federal, além do Ibama, cujo número de bases sobe de 4 para 19.
Já a criação das unidades de conservação priorizará a Terra do Meio, o noroeste de Mato Grosso e o sudeste de Amazonas.

Posted by Silvio at 08:57 PM | Comments (218)