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A Agência Imediata une-se aos grupos anti-globalização e oferece, além dos artigos de Frei Betto, um mapa dos principais canais de informação e participação nas manifestações anti-G8. A prioridade das indicações recaiu sobre os sites locais (italianos), mas todos apresentam textos e informações em inglês e alguns em francês e espanhol. | ||||||||
PORTAIS ALTERNATIVOS/SITES MILITANTES E ANARQUISTAS: http://www.retelilliput.org/g8/
http://www.salvatoreamura.it/faqg8/index.htm http://www.contropiani2000.org/ http://www.ecn.org/ernesto/index_01.htm JORNAIS ITALIANOS: http://www.unita.it/speciale_g8.asp
OUTROS PORTAIS ITALIANOS: http://www.virgilio.it/canali/societa/extra/g8/ RÁDIOS ALTERNATIVAS ITALIANAS: http://www.sherwood.it/diretta.htm http://www.radiocittadelcapo.it TV ON LINE: http://www.my-tv.it/newsite/milano/news/specials/g8/tute.php LISTA DE ASSOCIAÇÕES ENVOLVIDAS: |
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GLOBALIZAÇÃO OU GLOBOCOLONIZAÇÃO? Frei Betto GÊNOVA (Especial para o JB). A reunião do G-8, o clube dos chefes de Estado das oito nações mais poderosas do mundo, prevista para esta cidade entre os dias 20 e 22 deste mês, atrai à terra natal de Cristóvão Colombo defensores e críticos do atual modelo de globalização. Um dos eventos alternativos mais importantes é o ciclo de conferências "Cultura e Política Mundiais", promovido pela Universidade de Gênova, na faculdade de arquitetura, que começa hoje (10) e termina dia 16. Dos debates deverá resultar um documento a ser entregue aos mandatários dos países que integram o G-8: EUA, Canadá, Inglaterra, Itália, França, Alemanha, Japão e Rússia. Na abertura do ciclo serão analisadas as perspectivas abertas pelos recentes avanços da genética, suas implicações diretas (clones) e indiretas (transgênicos) em nossa qualidade de vida. Cientistas, professores e artistas, provenientes, em maioria, do hemisfério Norte, debaterão também temas como "Globalização e conflitos", "Sistemas de informação e comunicação de massa" e "Direito à cultura". A globalização é, sem dúvida, a grande estrela de Gênova, sujeita a aplausos e vaias. Ela funciona como uma lente de aumento que permite à população mundial, não apenas enxergar as implicações internacionais dos problemas locais, mas também seus efeitos colaterais em nossas vidas. Para os chefes de Estado que, dentro de dez dias, estarão ilhados na praça de guerra que se arma em Gênova, a globalização, entendida como mundialização do mercado, é um avanço, cujos efeitos negativos são irrelevantes e podem ser corrigidos. Para os intelectuais que ocupam a trincheira de resistência da Universidade de Gênova, a globalização representa, de fato, a "ocidentalização" do mundo, com o objetivo de atender aos interesses do capitalismo em sua fase mais avançada, a da transnacionalidade dos oligopólios empresariais. É sintomático que o ciclo de conferências tenha preferido debater os aspectos culturais e políticos da globalização, em geral considerados menos relevantes que os econômicos. Para os organizadores das conferências, como os professores Marcello Danovaro e Cristiano Ghirlanda, mundialização não passa de um clichê demagógico daqueles que buscam, de fato, impor ao planeta um pensamento único com caráter de universalidade incontestável, o de uma parcela privilegiada do hemisfério Norte onde 20% da população mundial consomem 80% da produção industrial do planeta.
Não é a economia que se mundializa, é o mundo que se "economiciza", reduzindo todos os valores, materiais e simbólicos, ao preço de mercado. Tal fenômeno submete a cultura e a política à lei da oferta e da procura. Como a teoria econômica não fixa nenhum limite ao império do mercado, tudo que é objeto do desejo humano é reduzido às relações de troca, segundo as regras do sistema: um dos parceiros leva mais vantagem do que o outro. (Nós, brasileiros, já sabíamos disso desde que cunhamos a "lei do Gérson"). No plano cultural, a criatividade tende a abandonar as ousadias do espírito humano para adequar-se à fôrma do mero entretenimento, como os enlatados que entopem nossos canais de TV. No plano político a Itália exibe um exemplo óbvio, com a eleição de Berlusconi. A agenda política dos países passa a ser ditada, cada vez mais, pelos interesses das transnacionais e, cada vez menos, pelas reais necessidades nacionais. A política abandona progressivamente sua função de administrar o processo econômico e social interno, para gerir estratégias financeiras impostas aos países de fora para dentro. No plano cultural, toda a comunicação de massa tende a torna-se mero apêndice publicitário, voltada mais a formar consumidores que cidadãos. A Internet, embora represente uma revolução estrutural apresentada como um veículo de informação global, é um produto cujos conteúdo e tecnologia são monopólios ocidentais. Depara-se, hoje, com um grande paradoxo: quanto mais se fala de liberdade de informação, mais os meios são enfeixados em mãos dos grandes atores econômicos que impõem, a todos os habitantes do planeta, um mesmo modo de pensar e de viver, tudo em função desta soberana senhora: a mercadoria. É a "mcdonaldização" do mundo, reduzido também a um só paladar. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> A DÍVIDA E(X)TERNA EM PAUTA Frei Betto GÊNOVA, Itália. Um movimento intitulado Jubileu Sul promove aqui em Gênova, entre 15 e 21 de julho, a Semana Mundial de Protesto contra a Dívida Externa. O lema é "Anular a dívida já!" Foi o que o papa João Paulo II pediu em seu sermão de domingo, um recado ao G-8 em prol das países mais endividados. Inspirado no Jubileu 2000 da Igreja católica, quando pediu aos países credores o perdão da dívida das nações mais pobres do mundo, Jubileu Sul nasceu em dezembro do ano passado, em Dakar, Senegal, onde o tema foi debatido na conferência internacional denominada Consulta Sul-Norte, e recebeu reforços no Fórum Social Mundial, realizado, em janeiro, em Porto Alegre. No espaço de debates batizado de Fórum Social Gênova, Jubileu Sul propõe aos diversos movimentos e ONGs aqui presentes uma discussão sobre a legitimidade da dívida do Terceiro Mundo. Há até um site para os interessados (http://www.genoa-g8.org) e um endereço eletrônico (info@genoa-g8.org) para quem quiser opinar. Prevê-se, para o dia 19, uma Marcha pelos Direitos dos Migrantes, rejeitados pela direita européia, e na tarde do dia 21 outra marcha deverá rodear o local de reunião do G-8. Com o apoio de entidades religiosas, inclusive do Vaticano, Jubileu Sul promoverá, durante o encontro do G-8, três dias de jejum e orações pela anulação da dívida. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail jpicuguis@rm.nettuno.it da Comissão de Justiça e Paz da União de Superiores Gerais (de ordens e congregações religiosas católicas). Os dados divulgados aqui são alarmantes: dos 442 milhões de latino-americanos, 250 milhões vivem abaixo da linha da pobreza. Segundo a Unicef, na América Latina 57% das crianças com menos de 5 anos de idade são pobres. Desde 1960, as riquezas mundiais foram multiplicadas por oito. De cada dois habitantes do planeta, um vive com menos de US$ 2 por dia. Um em cada 3 não tem acesso à energia elétrica. Um em cada 4 sobrevive com menos de US$ 1 por dia. Um em cada 5 não tem acesso à água potável. Um em cada 6 é analfabeto. De cada sete adultos, um sofre de subnutrição. O programa da ONU para o desenvolvimento (PNUD) e a Unicef calculam que um investimento anual de US$ 80 bilhões, ao longo de dez anos, seria o suficiente para assegurar a cada pessoa alimentação, educação e saneamento básicos, saúde e água potável (da qual estão privadas cerca de 1,3 bilhões de pessoas). A quantia equivale a quatro vezes menos do que os países em desenvolvimento desembolsam anualmente para amortizar sua dívida externa; a 1/4 do orçamento militar dos EUA; a 9% dos gastos mundiais com armamentos; a 8% dos gastos em publicidade; ou a metade da fortuna das quatro pessoas mais ricas do mundo. Desde a crise da dívida externa, em 1982, aumentaram os fluxos de capital dos países pobres em direção aos ricos (cerca de US$ 200 bilhões por ano). Ao mecanismo de reembolso da dívida acrescem-se o intercâmbio comercial desigual, a pilhagem das riquezas naturais, a fuga de cérebros, a repatriação de lucros às matrizes metropolitanas, as privatizações do patrimônio público/estatal como forma de alienação da soberania nacional. Para os que atendem à convocação do Jubileu Sul, urge anular a dívida pública do Terceiro Mundo, considerada pequena se comparada com a dívida histórica, ecológica e social que os países ricos do hemisfério Norte contraíram com o resto do mundo. A dívida mundial está calculada em US$ 45 trilhões. Quase a metade é o resultado da soma das dívidas pública e privada dos EUA: US$ 20 trilhões. Os países subdesenvolvidos (excluído o Leste europeu) devem cerca de US$ 2,1 trilhões. Se este montante fosse anulado, sem indenizar os credores, milhões de pessoas se veriam livres do peso da dívida e suas nações poderiam investir em saúde, educação, moradia, postos de trabalho etc. À globalização do mercado, os ativistas do anti-G8 querem contrapor a globalização do direito. Em especial, dos direitos dos pobres.
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Frei Betto é escritor, autor de "A obra do Artista uma visão holística do Universo" (Ática), entre outros livros.
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Solidariedade Imediata |
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